Acha pouco? Pense nas viagens longas e os gramados ruins que o time acaba evitando ao pular as etapas anteriores. Basta ver como foi nos últimos anos.
Quando o capitão Eduardo Brock erguer o troféu, estará sepultando os dias mais tristes da centenária trajetória cruzeirense. Estará consolidando o resgate da dignidade da instituição, tão maltratada nos últimos anos. Colocando um ponto final (espera-se) num calvário que nem o mais pessimista dos torcedores imaginava passar.
Menosprezar o título é, acima de tudo, depreciar todo o trabalho feito. A começar pelo que conseguiu Pezzolano com um grupo sem astros. É não reconhecer o papel fundamental do uruguaio e de outras peças importantes na redenção celeste. É desmerecer a alegria provocada pelos gols de Edu, pelas defesas de Rafael Cabral. É minimizar o trabalho de Ronaldo para reerguer o clube.
Não foi a camisa, sozinha, que trouxe o clube de volta à Série A, como muitos pregavam. Foi preciso se reconhecer na B e encarar o que estava diante dos olhos, mas que muitos não queriam enxergar.
Aprender com os erros talvez seja uma das maiores oportunidades que a vida nos apresenta. Ninguém gostaria de viver agruras para descobrir que as escolhas feitas são falhas, porém, algumas vezes, não há outro caminho. Encarar os problemas costuma ser mais útil que jogá-los para debaixo do tapete e fingir que não existem.
Após a goleada sobre o Vasco, no Mineirão, o time celeste está com 99,957% de chance ser campeão da Segunda Divisão, segundo cálculo do departamento de matemática da UFMG. Quem mais se aproxima dele é o Bahia, com 0,033% de probabilidade de ficar com a taça.
A 31ª rodada ainda terá partidas até a segunda-feira (26), mas esse cenário não vai se modificar. Como se vê, é tão somente questão de tempo.
Tudo isso está cravado, registrado e documentado. É se orgulhar de renascer.
A história ensina. Apagá-la é estratégia das mais obtusas. Precisamos é aprender para não repeti-la. Portanto, torcedor celeste, se permita comemorar. Desqualificar o troféu da Série B ou ignorar seu significado em nada tornará a Raposa maior do que é. Muito menos conquistá-lo fará o Cruzeiro menor.