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Expectativa de Libertadores não pode ser peso para o América

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Novamente com uma campanha forjada na recuperação, no renascimento, cá está o América, em vias de se garantir na Copa Libertadores pela segunda temporada consecutiva. O que para muitos era meta no início do Campeonato Brasileiro, se desenhou como sonho, chegou a parecer inatingível e agora, a uma rodada do fim, o Coelho se vê dependendo apenas de si para assegurar vaga no torneio continental.



Quem vê a situação americana hoje, focando tão somente o presente, não tem ideia dos perrengues que Vagner Mancini e companhia enfrentaram ao longo das 37 rodadas já disputadas.

Chegar ao último degrau na condição de terminar dentro do G-8 e, dessa forma, garantir pelo menos lugar na fase preliminar da Libertadores é um luxo, acreditem.

Muitos torcedores determinaram, no começo do Nacional, que a briga do time tinha se ser na parte de cima da classificação. Pelo menos ali, entre os seis primeiros colocados. Não era. A meta, por demais ambiciosa, estava mais para uma expectativa criada pelo olhar passional do que para o que apontava a realidade.

Àquela altura, com o América disputando simultaneamente Brasileiro e Copa do Brasil, era de se supor que a conta seria cobrada. E foi.

O time bravamente avançou para a fase de grupos do torneio internacional. Mas, ao não seguir para as oitavas de final, foi achincalhado. O que muitos não perceberam é que aquele era um limite natural para o Coelho. Sobrepô-lo seria um ponto fora da curva, exceção à regra.



O América fez o papel possível na Libertadores deste ano, por mais que seu torcedor tenha se frustrado com a eliminação que considerou precoce.

No Brasileiro, mais uma vez, o sarrafo foi colocado lá no alto. Extraoficialmente, impuseram a missão ao Coelho de concorrer, de peito aberto, com clubes de investimento muito maior. Talvez se esquecendo da epopeia que fora a reta final do Nacional no ano passado, pensaram apenas no desfecho. Os fins, contudo, nem sempre justificam os meios.

Nessa caminhada o que não faltou foi atribulação. O América viveu um sobe e desce perigoso, rondou a zona de rebaixamento, entrou e saiu dela. Encerrou o primeiro turno do Brasileiro na 15ª colocação, a um ponto do grupo da degola, o Z-4. Na virada do campeonato, tinha o pior ataque, com apenas 13 gols marcados. Era o inferno astral.

Somente uma nova arrancada, ao estilo 2021, poderia proporcionar enredo parecido ao da temporada anterior. E essa reviravolta veio.

No momento em que obteve uma sequência positiva, o treinador logo decretou. "Mudamos de patamar", disse Mancini, em meados de setembro, depois de ver seu time cravar série invicta de oito partidas entre o fim do primeiro turno e o início do returno, com vitórias sobre Atlético-GO (1 a 0), Avaí (3 a 1), Juventude (1 a 0), Santos (1 a 0) e Coritiba (2 a 0) e empates com Athletico-PR (1 a 1), Atlético (1 a 1) e Botafogo (0 a 0).





Chegamos então às vésperas do encerramento do Brasileiro. E o Coelho precisa apenas vencer seu último compromisso para assegurar uma das vagas na pré-Libertadores - uma vez que dois de seus concorrentes diretos nessa disputa, Botafogo e Athletico-PR, vão se enfrentar na derradeira rodada.

Simples assim, diriam. Sem depender de combinação de resultados, nem secar ninguém. O que o América precisa é fazer a parte dele. O dever de casa.

O adversário é o Atlético-GO, domingo, no Independência. Um dos times de pior campanha do campeonato. Tudo parece positivo para os lados do alviverde, aquela conjunção favorável de fatores. Aí que entra a grande cilada. Uma potencial senha para a decepção.

O América pode acabar sendo seu maior adversário nessa história toda, aos 45 minutos do segundo tempo, se colocar peso extra na próxima partida. A Libertadores tem de ser tratada como consequência, e não encarada como causa.

É necessário reconhecer desde já o bom desempenho da equipe sob o comando de Mancini. A campanha já é digna de aplauso. O América se superou e, se terminar entre os oito primeiros do Brasileiro, terá alcançado, mais uma vez, uma façanha.

Assegurar vaga no torneio continental vai ser, portanto, a cereja desse bolo.