Chegar ao último degrau na condição de terminar dentro do G-8 e, dessa forma, garantir pelo menos lugar na fase preliminar da Libertadores é um luxo, acreditem.
O time bravamente avançou para a fase de grupos do torneio internacional. Mas, ao não seguir para as oitavas de final, foi achincalhado. O que muitos não perceberam é que aquele era um limite natural para o Coelho. Sobrepô-lo seria um ponto fora da curva, exceção à regra.
O América fez o papel possível na Libertadores deste ano, por mais que seu torcedor tenha se frustrado com a eliminação que considerou precoce.
No Brasileiro, mais uma vez, o sarrafo foi colocado lá no alto. Extraoficialmente, impuseram a missão ao Coelho de concorrer, de peito aberto, com clubes de investimento muito maior. Talvez se esquecendo da epopeia que fora a reta final do Nacional no ano passado, pensaram apenas no desfecho. Os fins, contudo, nem sempre justificam os meios.
Somente uma nova arrancada, ao estilo 2021, poderia proporcionar enredo parecido ao da temporada anterior. E essa reviravolta veio.
No momento em que obteve uma sequência positiva, o treinador logo decretou. "Mudamos de patamar", disse Mancini, em meados de setembro, depois de ver seu time cravar série invicta de oito partidas entre o fim do primeiro turno e o início do returno, com vitórias sobre Atlético-GO (1 a 0), Avaí (3 a 1), Juventude (1 a 0), Santos (1 a 0) e Coritiba (2 a 0) e empates com Athletico-PR (1 a 1), Atlético (1 a 1) e Botafogo (0 a 0).
Chegamos então às vésperas do encerramento do Brasileiro. E o Coelho precisa apenas vencer seu último compromisso para assegurar uma das vagas na pré-Libertadores - uma vez que dois de seus concorrentes diretos nessa disputa, Botafogo e Athletico-PR, vão se enfrentar na derradeira rodada.
Simples assim, diriam. Sem depender de combinação de resultados, nem secar ninguém. O que o América precisa é fazer a parte dele. O dever de casa.
O adversário é o Atlético-GO, domingo, no Independência. Um dos times de pior campanha do campeonato. Tudo parece positivo para os lados do alviverde, aquela conjunção favorável de fatores. Aí que entra a grande cilada. Uma potencial senha para a decepção.
O América pode acabar sendo seu maior adversário nessa história toda, aos 45 minutos do segundo tempo, se colocar peso extra na próxima partida. A Libertadores tem de ser tratada como consequência, e não encarada como causa.
É necessário reconhecer desde já o bom desempenho da equipe sob o comando de Mancini. A campanha já é digna de aplauso. O América se superou e, se terminar entre os oito primeiros do Brasileiro, terá alcançado, mais uma vez, uma façanha.
Assegurar vaga no torneio continental vai ser, portanto, a cereja desse bolo.