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Estado de Minas TIRO LIVRE

Por que Allan, do Atlético, está sendo especulado no Palmeiras?

Allan é o tipo de jogador que não perde a corrida. Mas também não é o arquétipo do 'carniceiro', puramente destruidor e limitado tecnicamente


09/03/2023 19:33 - atualizado 10/03/2023 09:46
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Allan, volante do Atlético, em jogo do Campeonato Brasileiro
Allan, volante do Atlético, está sendo especulado no Palmeiras (foto: Pedro Souza/Atlético)
Geralmente, o jogador mais valorizado de um time é o atacante. É o que desperta para o estrelato mais rapidamente, dono do maior salário e o mais cobiçado no mercado. Não quer dizer que isso seja regra, mas o curso da história funciona mais ou menos assim.

E vem desde cedo. Quando uma criança começa a jogar bola, os pais logo ensinam a chutar a gol, driblar, segurar a bola - dificilmente a lição começa por aprender a evitar gols, a desarmar os adversários. Como no futebol e na vida não há verdades absolutas, vez por outra aparece alguém para desafiar velhas máximas. No caso do Atlético, esse alguém é Allan.

O volante, de 26 anos, tem sido o nome mais falado nos últimos dias, não só pelas boas atuações, ou pela regularidade em campo, mas também pelo potencial de negociação.

Contratado pelo alvinegro em 2020, Allan custou cerca de 3,5 milhões de euros, e o clube vive a expectativa de compensar o investimento e reforçar seu caixa, diante de um momento financeiro delicado.

O Atlético tem um grupo caro, qualificado, e isso tem um preço (alto, literalmente) a se pagar. Para bancar projetos desse nível, volta e meia é preciso quase um processo de autofagia. Cortar na carne (no caso, no grupo) para poder manter a sobrevivência do todo. Nesse caso, o retorno financeiro acaba sobrepujando o técnico.

São escolhas a serem feitas quando a conta não fecha no fim do mês.

Hoje, o jogador com maior capacidade para render dividendos ao Galo é Allan. Um dos destaques silenciosos na equipe campeã da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro de 2021, ele viu sua cotação aumentar ao ser citado como candidato a uma vaga no grupo da Seleção Brasileira que iria para a Copa do Mundo do Catar.

A convocação não se concretizou, mas o volante continuou mostrando serviço e se valorizou.

Não é de hoje que Allan chama atenção. O olhar clínico de um dos treinadores de maior prestígio do mundo já havia detectado quão promissor ele era aos 19 anos.

"Talento acima da média", "jogador com uma boa atitude", "jogador inteligente" foram alguns dos termos usados por Jürgen Klopp para descrever o meio-campista em 2016, em entrevista ao site oficial do Liverpool.

Contratado pelos Reds, Allan não conseguiu atuar por questões burocráticas (não obteve o visto de trabalho) e acabou rodando por centros menos expressivos do futebol, como Finlândia (SJK), Bélgica (Sint-Truiden) e Chipre (Apollon Limassol). Na Alemanha, jogou por Hertha Berlin e Eintracht Frankfurt.

De volta ao Brasil, foi para o Fluminense, emprestado pelo Liverpool. Depois, veio para a Cidade do Galo, tornando-se titular absoluto na equipe.

Allan é o tipo de jogador que não perde a corrida. Mas também não é o arquétipo do "carniceiro", puramente destruidor, limitado tecnicamente e que usa sua vitalidade apenas na caça aos adversários. Está longe do estereótipo de volante que sabe só marcar. 

O camisa 29 atleticano se destaca justamente por se diferenciar da maioria. Com seu jeito pegador, toma a bola e já olha pra frente - assim, se tornou uma das principais opções de saída de bola do Atlético. Ajuda a desafogar a defesa, a iniciar a transição para o ataque. E o faz com regularidade. Dificilmente alterna grandes jogos com exibições apagadas. 

Os olhos arregalados são reflexo da extrema concentração durante as partidas. É o tipo de jogador que se encaixa em qualquer esquema, que se adapta a qualquer treinador. Por isso, desperta tanta cobiça alheia.

No time do Galo (e no coração da Massa), ocupou um espaço deixado por Rafael Carioca, que também era elogiado por ir além das funções defensivas. 

Allan, no entanto, é mais efusivo, mais agressivo até que Carioca. Sim, por vezes exagera na vontade. O dia em que dosar um pouco mais esses dois lados, elevará (ainda mais) o nível do seu jogo. E possivelmente aumentará (ainda mais) seu valor no mercado.

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