Antes do amistoso com o Bragantino, o novo técnico do Cruzeiro, Pepa, disse que a partida contra o time do interior paulista, em sua "estreia" na equipe celeste, seria um gostinho da Série A do Campeonato Brasileiro.
O estreante viveu toda sorte de emoção. Ele viu sua equipe sair atrás no marcador, tomar dois gols e conseguir a virada no fim do segundo tempo no Nabi Abi Chedid. Uma vitória suada, que também pode se repetir nas competições que estão por vir.
Inclusive fora de campo, Pepa teve uma amostra do que é trabalhar no futebol brasileiro. Usando de bom humor, o português disse ter sido até xingado por torcedores.
E olha que a partida nem valia ponto – o que serve para o treinador projetar o nível de exigência que o aguarda.
E olha que a partida nem valia ponto – o que serve para o treinador projetar o nível de exigência que o aguarda.
Pepa parece já ter se dado conta de tudo isso, levando em consideração a entrevista que concedeu após a partida. "Eu nunca tinha sido tão xingado no banco, mas isso é bom, eu também tenho que me adaptar", contou, aos risos.
"Faz parte, eu cheguei agora e tenho que me adaptar. Isso é paixão pelo futebol", completou.
"Faz parte, eu cheguei agora e tenho que me adaptar. Isso é paixão pelo futebol", completou.
O novo comandante do Cruzeiro parece ter ciência do que vai encarar. Não é exagero dizer que ele está diante do maior desafio da carreira. Desconhecido no futebol brasileiro, não teve um trabalho relevante no futebol português que o projetasse internacionalmente. Chega para conquistar espaço.
De alguma forma, isso não é novidade na Toca da Raposa II. Pepa inicia trajetória semelhante a Paulo Pezzolano, que também chegou ao Cruzeiro sem currículo de peso e conquistou a torcida pelos resultados. O processo de contratação é até semelhante.
A inovadora fórmula cruzeirense é ousada – já que traz um nome fora das escolhas mais óbvias ou, pelo menos familiares – e conveniente, pelo investimento financeiro baixo. Pepa chega como uma aposta, como foi com Pezzolano. E não há garantias em apostas.
O principal, e ele deve saber bem, é que trabalhos assim dependem de resultado para ganhar estabilidade. Isso é claro quando se analisa a cartada parecida do arquirrival Atlético, que buscou esse caminho com Antonio 'El Turco' Mohamed. A experiência não foi bem-sucedida.
Na Toca, no entanto, o retorno foi positivo. E isso foi um dos legados de Pezzolano: permitir que a diretoria cruzeirense repetisse a fórmula, afinal, tinha crédito ou, pelo menos, o benefício da dúvida.
Se deu certo com Pezzolano, por que não daria com Pepa, que passou pelo mesmo processo seletivo?
Se deu certo com Pezzolano, por que não daria com Pepa, que passou pelo mesmo processo seletivo?
A resposta para essa pergunta, agora, é pura adivinhação. Não dá para cravar se Pepa encontrará a receita. O que é possível conjecturar é que, em tese, a missão é mais complicada, já que os adversários da Série A do Campeonato Brasileiro são mais qualificados.
Não que tenha sido fácil para Pezzolano conseguir o ajuste do time e liderá-lo na campanha do título da Segunda Divisão. Houve momentos de questionamentos, dúvidas. Mas ele teve respaldo e conseguiu engrenar.
O roteiro que Pepa vai seguir ainda é uma incógnita. Depende da capacidade dele como treinador, gestor de pessoas, mas também do que o Cruzeiro vai oferecer. Salários em dia, grupo com opções, são muitos os ingredientes a se analisar. O amistoso contra o Bragantino pouco ajudou em termos de avaliação tática ou técnica.
O primeiro jogo do Cruzeiro com o novo comandante serviu mais para apresentar a Pepa o futebol brasileiro do que para apresentar Pepa ao futebol brasileiro.