Jornal Estado de Minas

TIRO LIVRE

Atlético tem quatro jogadores insubstituíveis

Reza uma velha máxima que ninguém é insubstituível. Geralmente usada em ambientes corporativos, ela (em tese) sinaliza que, por mais importante que você seja dentro de uma estrutura, na sua ausência o papel pode ser executada por outra pessoa, que alcançará, igualmente, os mesmos objetivos.



Isso é a teoria, defendida por muitos. A prática, contudo, pode se mostrar diferente. Se não contradiz totalmente, explicita que nem sempre a realidade é tão cartesiana. E está aí o futebol para comprovar.

O time do Atlético é um grande exemplo. Não é difícil apontar, hoje, pelo menos quatro nomes insubstituíveis na equipe. São jogadores que não têm equivalentes no grupo. Ainda que em alguns dias (e noites) não alcancem o máximo de sua performance, a distância deles para os que desempenham a mesma função no alvinegro é grande.

Um vácuo que, por enquanto, não se preenche com as opções de que dispõe o técnico Eduardo Coudet.

O gol talvez seja aquela em que esse fator esteja mais evidente, até pela diferença do grau de experiência dos "concorrentes" à vaga. Éverson merece a redundância do termo "titular absoluto". Por mais que seja um daqueles casos em que o torcedor de forma geral só vai reconhecer o real valor quando ele deixar o clube, não deve ser difícil perceber o impacto no time de uma possível baixa dele.  

Além de Éverson ter uma extensa folha de bons serviços prestados ao Atlético e volta e meia salvar a equipe com defesas arrojadas (ainda que volta e meia, como ocorre com qualquer ser humano, também cometa suas falhas), ele é o único experiente para o gol do Galo.



E, se tem uma posição em que idade é documento no futebol, é a do camisa 1. O segundo goleiro atleticano é Matheus Mendes, de 24 anos. O terceiro é Gabriel Delfin, que vai completar 21 em julho.

Houve um tempo em que o Atlético mantinha dois goleiros já rodados. Foi assim com Giovanni, reserva imediato de Victor, e com Rafael, substituto de Éverson. Não havia grande preocupação caso o titular se ausentasse. Atualmente, se Éverson não puder atuar, haverá no mínimo apreensão.

Na lateral esquerda, está comprovado que Arana não tem reposição à altura no grupo. Dodô é esforçado, tem suas qualidades, mas não dá ao time a agressividade à qual o Atlético se acostumou e até depende para chegar com qualidade à frente.

Rubens, outro que vem sendo acionado desde que Arana se machucou, é mais voluntarioso, porém, não é lateral de origem e sempre deixa a sensação de faltar algo - não compromete, mas também não brilha, ficando ali na média.



Cada dia é mais evidente que o Atlético se ressente da falta de Allan. A análise aqui pode ser mais ampla, porque, devido à qualidade, ele não tem equivalente no Galo e nem em muito outros times da Série A do Campeonato Brasileiro.

No caso específico do alvinegro, isso fica mais claro a cada jogo. A precisão no desarme e a forma como o volante ajuda na saída de bola deixaram um buraco na equipe, como se houvesse um abismo entre a defesa e o ataque. 

Essa reflexão pode ser estendida a outra ausência importante, de Nacho, que também funcionava como um elo no meio-campo. Mas, como ele nem está mais no grupo, não cabe aqui. A impressão que passa é que o time atleticano empaca em toda saída de bola - às vezes parece que isso nem é treinado.

Não há válvula de escape, jogada trabalhada. Os homens da defesa parecem não saber a quem acionar. E isso vai desembocar no ataque, sacrificando jogadores como Hulk e Paulinho.



Por falar na linha de frente, chegamos ao último "insubstituível" no Galo: o camisa 7. O incrível Hulk. Sim, ele também tem os dias em que nada funciona. De fato, tem reclamado demais da conta em campo. Mas o alto poder de finalização, o arsenal de recursos técnicos, a visão de jogo, a liderança sobre o time, tudo isso não tem igual no Atlético. 

Talvez por erro de planejamento da diretoria, que poderia ter qualificado mais o grupo, ou pelo fato de serem tão acima da média de forma geral, esses jogadores são únicos no alvinegro. E pode ser que assim seria em qualquer outro time em que estivessem.