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Estado de Minas TIRO LIVRE

O Brasil vai ganhar a Copa do Mundo Feminina?

A meta inicial do Brasil é evitar a Alemanha, nas oitavas de final, para ir mais longe na competição. Até onde? Só o deuses do futebol sabem. Ou nem eles


20/07/2023 19:23 - atualizado 20/07/2023 19:52
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Pia Sundhage, treinadora da Seleção Brasileira Feminina de Futebol, durante entrevista coletiva
Pia Sundhage, treinadora da Seleção Brasileira Feminina de Futebol (foto: Thais Magalhães/CBF.)
Você pode torcer o nariz para o futebol feminino, mas não tem jeito. Por um mês, verá na TV, nos jornais, no rádio, nas plataformas de streaming e na tela do seu celular notícias do que ocorre por gramados da Austrália e da Nova Zelândia. Não reclame. O tanto que for noticiado, falado, escrito e comentado ainda será pouco diante do que a modalidade, vivendo sua principal competição – uma Copa do Mundo –, merece.
 
Para início de conversa, muita gente só lembra que existe futebol feminino em época de Copa ou Olimpíada. Nesses momentos, até quem não gosta muito de acompanhar acaba se rendendo e vendo um ou outro jogo, às vezes como se fosse uma concessão, um favor, é verdade. 
 
Há também quem não aceite a ideia de haver futebol feminino, quase como um bloqueio mental. Nem sequer tenta ver uma partida ou, ao ver, destila maldades. De antemão, decreta que não gosta. Assim se mantém. Ainda que o esporte evolua, as jogadoras evoluam, o sujeito fica engessado em seu preconceito. 
 
É assim, na base da insistência, da resistência e da resiliência que esse esporte vai caminhando no Brasil. Passos pequenos, porém, um pouquinho de evolução por vez. Se por um lado temos um Campeonato Brasileiro um pouco mais estruturado, por outro, a base (que é semeador de futuro) carece de muita atenção – de clubes e entidades.

Numa visão mais macro, é também lento o processo de reconhecimento ao futebol feminino no mundo. Mas alguma coisa já pode ser vista.

Matéria da repórter Izabela Baeta, do site No Ataque/Estado de Minas, mostrou como a Fifa aumentou (mediante muita pressão, é preciso destacar) a premiação da Copa Feminina. Porém, ainda há um abismo para o montante de dinheiro distribuído no Mundial masculino.

E esse aspecto financeiro é apenas mais um que ajuda a explicar por que há tanta disparidade e, como consequência, olhares enviesados para a presença de mulheres em campo.

A Copa de 2023 vai distribuir US$ 110 milhões, três vezes mais do que o valor pago na edição anterior, em 2019. Mas o montante reservado para o Mundial masculino, no Catar, no ano passado, foi quatro vezes maior: US$ 440 milhões.

Quem tem a visão mais rasa vai inverter a relação causa e consequência. Vai dizer que o futebol feminino atrai menos investimento por gerar menos receita. Mas não seria justamente o contrário?

A falta de dinheiro leva a menos investimentos, que leva a menos estrutura, que leva a menos incentivo para atletas, que leva a menos qualificação e tudo isso leva a menos interesse e apoio à modalidade. Enquanto o ciclo não for quebrado, essa bola de neve ficará rodando por aí.

Mesmo assim, é só começar uma Copa para também começarem as cobranças. "O Brasil vai ser campeão?". Se alguma jogada sai errada, logo se apressam em apontar – como se a prática dos homens fosse tão somente feita por lances precisos, golaços, craques por toda parte. 

A Seleção Brasileira estreia na segunda-feira, às 8h (horário de Brasília), e pelo que o ciclo com a técnica Pia Sundhage mostrou, não dá para colocá-la entre as favoritas. E isso é uma avaliação que em nada desmerece o trabalho da sueca. No cenário internacional, o Brasil está, em termos de organização e estrutura, muito atrás de outros países, assim, acaba sendo natural que mais investimentos resultem em seleções mais fortes.

Na visão de quem acompanha o trabalho mais de perto, há de se esperar - e torcer - por três vitórias nesta primeira fase: diante de Panamá (53ª no ranking da Fifa), na estreia; França (5ª), o maior desafio, no próximo sábado, às 7h; e Jamaica (43ª), em 2 de agosto. O Brasil é o oitavo colocado nessa lista. 

A meta inicial é evitar a Alemanha, nas oitavas de final, para ir mais longe na competição. Até onde? Só o deuses do futebol sabem. Ou nem eles. 

A Seleção nunca ergueu o troféu da Copa. Desde 2007, quando foi vice-campeã na decisão do título contra as germânicas, não passa da primeira fase. A missão de Pia, ao assumir em 2019, foi liderar uma renovação (este deve ser o último Mundial de Marta, por exemplo), além da reorganização da modalidade de forma profunda, para fazer o país subir de patamar. 

Fato é que a engrenagem ainda não alcançou grau de excelência, não está consolidada o suficiente para que o Brasil chegue em pé de igualdade com as mais poderosas do mundo. Pode ser que esse fruto não seja colhido agora.

Por isso, antes de perguntar se o Brasil vai ganhar a Copa do Mundo, busque outras respostas. 

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