Mulheres gargalhando e se olhando com cumplicidade, enquanto homens olhavam para os lados com um sorriso de constrangimento, medo da interação com a artista e escuta atenta para aprender um pouco mais com ela. Foi isso o que encontrei observando a plateia de King King Fran, solo protagonizado pela personagem-título Fran, criação da atriz e palhaça Rafaela Azevedo, que convida o público a conhecer o avesso dos estereótipos do feminino disseminados na sociedade.
Rafaela é sucesso no Instagram com o perfil @fran.wt, que inverte a lógica do machismo, colocando a mulher no papel de opressora de homens. Com muita ironia, a atriz convida o público a refletir sobre os papeis de gênero e a violência sofrida cotidianamente por mulheres.
O espetáculo esteve em cartaz no último final de semana em Belo Horizonte, lotando duas sessões no Teatro Sesiminas. Partindo de referências como a atração circense "Monga, A Mulher Gorila", e o filme King Kong, Rafaela interage com os espectadores propondo que experimentem inversões dos papeis de gênero tradicionalmente performados na sociedade. Agindo de acordo com o papel geralmente atribuído aos homens, Fran os aborda fazendo convites e propostas constrangedores, invertendo situações de assédio em que geralmente as mulheres são as vítimas.
Conversei com Rafaela sobre o espetáculo, seu processo criativo e como sua ironia e provocações no teatro e no Instagram são interpretadas por diferentes públicos. Confira a entrevista a seguir: