Neste Setembro Amarelo, quero chamar a atenção para um recorte muito importante para a prevenção do suicídio: pessoas LGBTI+ têm 6 vezes mais chance de tirar a própria vida, em comparação com as pessoas heterossexuais, segundo dados da revista científica American Journal of Preventive Medicine. Alarmante, não é? Já parou para pensar em como as famílias e amigos podem ser tornar pessoas aliadas nessa prevenção, promovendo ambientes menos tóxicos e mais respeitosos para a nossa comunidade ter dignidade e saúde mental?
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Sua principal missão é reduzir as taxas de autoextermínio e promover o diálogo aberto sobre questões relacionadas à saúde mental. As situações de opressão e violências são parte das causas que levam tantas pessoas LGBTI a terem pensamentos suicidas. Segundo a pesquisa “Ensaios sobre o perfil da comunidade LGBTI ”, 62,5% das pessoas LGBTI no Brasil, em algum momento de suas trajetórias, já pensou em tirar a própria vida.
Pense em quem são os familiares, amigos, colegas de trabalho ou outras pessoas LGBTI com as quais você convive. É possível que duas a cada três dessas pessoas já tenha pensado em tirar a própria vida. Uma situação muito grave! Isso ocorre devido a vários fatores, incluindo o estigma, a discriminação e o preconceito que muitas pessoas LGBTI enfrentam em suas vidas, seja na família, na igreja, na escola ou no ambiente de trabalho. A falta de aceitação social, o bullying, o isolamento e a violência contribuem para essas taxas mais elevadas.
Jovens LGBTI são particularmente mais vulneráveis, com uma alta proporção relatando pensamentos suicidas ou tentativas de suicídio. É fundamental que reconheçamos esses desafios específicos enfrentados pela comunidade LGBTI e tomemos medidas para apoiá-los.
O estudo LGBT Youth and Family Acceptance (Juventude LGBT e Aceitação da Família) disponível na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, mostra que pessoas LGBTI relatam menor proximidade de suas famílias e maior taxa de abusos parentais e casos de expulsão de casa. Relatam menor conexão segura com suas mães, e suas mães relatam menor afeto por esses filhos e filhas. Jovens que não se expressam de acordo com as normas-padrão de gênero têm risco aumentado de abuso por parte dos cuidadores, bem como de serem vítimas de bullying.
A rejeição parental em relação a pessoas LGBTI está associada com comportamentos que trazem risco à saúde física e mental. As pessoas LGBTI adultas que tiveram altos níveis de rejeição na família têm maiores chances de relatar tentativas de suicídio, altos níveis de depressão e situações de uso de drogas ilícitas.
Por outro lado, esse estudo mostra que a maior aceitação por parte das famílias está relacionada com maior chance de autoaceitação da própria orientação sexual ou identidade de gênero e menor LGBT fobia internalizada. O suporte e aceitação da família está associado com autoestima mais elevada, melhor saúde, menor chances de depressão, menor abuso de substâncias ilegais e menor ideação e comportamentos suicidas.
A família desempenha um papel fundamental no apoio à saúde mental de pessoas LGBTI . O apoio e aceitação familiares podem ser cruciais na prevenção de problemas de saúde mental e no aumento da resiliência emocional. Quando as famílias oferecem um ambiente seguro e acolhedor, os jovens LGBTI se sentem mais confiantes e capazes de enfrentar as adversidades. É essencial que as famílias se informem sobre as experiências de seus entes queridos LGBTI e procurem oferecer apoio incondicional.
Sabemos que devido aos problemas de aceitação por suas próprias famílias, muitas pessoas LGBTI formam novas configurações familiares com seus amigos e redes de apoio. Então, podemos pensar no papel da família de maneira ampliada, considerando amigos como parte das famílias LGBTI . Fica aqui o convite para que você preste atenção em como pode ser uma pessoa aliada, escutar e apoiar as pessoas LGBTI com as quais você convive. Todos nós temos um papel a desempenhar na promoção do bem-estar dessa comunidade.
Colaboração: Arthur Fonseca