Na última sexta-feira (18/08), a empresa “123 Milhas” surpreendeu seus clientes ao comunicar o cancelamento de pacotes de viagem e emissão de passagens contratadas da linha "Promo", de datas flexíveis, com embarques previstos de setembro a dezembro de 2023.
Segundo a empresa, essa decisão foi amparada por “circunstâncias de mercado adversas, alheias à nossa vontade”. De forma superficial e impondo notório abuso aos direitos de seus clientes, a empresa determinou que a única forma de restituir os seus clientes seria mediante voucher, que estaria acrescido de correção monetária e juros de mercado.
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Brasileiras presas na Alemanha: quem responde pelas malas trocadas?A importância do Código de Defesa do Consumidor em nossa vidaCresce o número de ações na justiça de passageiros contra empresas aéreas “I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade”, sendo também viável exigir que a empresa de turismo disponibilize a passagem ou o pacote de viagem nos termos de sua publicidade;
“II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente”, podendo aceitar o voucher estabelecido pela empresa;
“III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos”.
Obter a restituição do valor contratado, com a sua devida atualização, além das perdas financeiras suportadas por esse cancelamento, pode estar vinculado a contratações já desembolsadas como diária de hotéis, passeios turísticos, locação de veículos, dentre outros.
Há também a possibilidade de reparação por danos morais, já que esse cancelamento comprometeu uma viagem de férias previamente contratada, uma viagem de negócios, de lua de mel, ou outra situação especifica que o consumidor almejava realizar.
A imposição da empresa em determinar o fornecimento de voucher para ser utilizado no prazo de 36 anos, além de arbitrária, acarreta notório prejuízo ao consumidor, já que não terá a “confiança” em manter o vínculo contratual com essa empresa, pois não terá a “certeza e a garantia” de que conseguirá usufruir a remarcação dos serviços turísticos cancelados para o proximo ano (2024) no mesmo período que havia contratado (por exemplo, festividade natalinas e réveillon) e sobretudo no mesmo preço desembolsado.
Em virtude dos prejuízos iminentes impostos aos turistas pela 123 Milhas, o Ministério do Turismo e o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), já anunciaram que vão investigar os cancelamentos dos pacotes de viagens e passagens. Espera-se que a SENACON garanta, de forma rápida, a efetiva proteção e exercício dos direitos dos clientes lesados pela 123 Milhas.
Não se pode tolerar que a empresa 123 Milhas, com seu poderio econômico e publicitário, inclusive com vasta divulgação nos aeroportos nacionais, desrespeite o Código de Defesa do Consumidor e imponha notório descaso ao seu cliente, parte vulnerável, que apenas almeja viajar com tranquilidade, nos termos da contratação e da legislação em vigor.