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A barafunda da relação entre governo e Congresso

Presidente Bolsonaro articula derrubada de projetos de emendas impositivas, mas não sabe qual é sua prioridade no Congresso


postado em 11/03/2020 04:00 / atualizado em 11/03/2020 08:27

Bolsonaro volta hoje ao Brasil, depois de quatro dias nos Estados Unidos(foto: ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)
Bolsonaro volta hoje ao Brasil, depois de quatro dias nos Estados Unidos (foto: ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)

Grande quantidade de pessoas que se movimentam descontrolada e desordenadamente; confusão, desordem. Junção desorganizada de objetos, de coisas; desarrumação. Esse é o significado da palavra que melhor ilustra a relação do governo com o Congresso: barafunda. O governo não sabe qual é sua prioridade no Congresso. Tramitam, simultaneamente, o pacote de medidas emergenciais, que começou a ser mitigado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e três projetos relativos ao Orçamento Impositivo, em apreciação na Comissão Mista do Orçamento, enquanto o presidente da República segura sa reformas administrativa e tributária anunciadas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, aguardadas pelo Congresso.

Ontem, a Comissão Mista de Orçamento (CMO), integrada por deputados e senadores, suspendeu os trabalhos sem finalizar a votação dos três projetos enviados por Bolsonaro em meio a negociações entre Executivo e Legislativo pelo controle de uma fatia do Orçamento de 2020. Aprovou apenas o texto que regulamenta a execução do Orçamento Impositivo. O senador Marcelo Castro (MDB-PI) suspendeu os trabalhos por falta de quórum. Uma parte da oposição e outra dos governistas querem devolver os recursos das emendas impositivas do relator ao Executivo e esvaziaram a sessão. As outras duas matérias devem ser analisadas hoje. Tratam da transferência de R$ 9,6 bilhões para o Executivo e de regras para a ordem de prioridade dos parlamentares na execução de parte das emendas. Os três textos, porém, precisam ser apreciados em sessão do Congresso Nacional.

Bolsonaro chega hoje ao Brasil. Na sua passagem pelos Estados Unidos, assinou um acordo na área de Defesa com Donald Trump que deve facilitar os negócios do setor para ambos os países, deu uma declaração colocando em dúvida o resultado da votação no primeiro turno das eleições presidenciais de 2018, prontamente rechaçada pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, e minimizou a epidemia de coronavírus, que chamou de fantasia criada pela mídia.

Também classificou como “pequena crise” a turbulência provocada pela redução do preço do petróleo. Por muito pouco não a comemorou, ao dizer que era melhor do que subir 30%. Para completar, articula com aliados a derrubada dos projetos de emendas impositivas, acenando com a possibilidade de “desconvocar”a manifestação prevista para o próximo domingo, contra o Congresso

Ontem, as bolsas voltaram a operar em alta, com aumento de mais de 2% no EUA e ao redor de 3% na Europa. No Brasil, a Bovespa recuperou parte das perdas e subiu 7,14%. O dólar fechou em queda e voltou a ficar abaixo de R$ 4,70. Na segunda-feira, bolsas em todo o mundo haviam sofrido fortes quedas em meio à disseminação do vírus e ao aumento de temores de uma recessão global com a disputa pelo preço do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita. Houve queda de mais de 7% em bolsas dos EUA, pior dia desde a crise de 2008. O fantasma dae uma pandemia assombra o mundo.Todos os 27 países da União Europeia (UE) tiveram ao menos um caso confirmado de COVID-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. Em todo o mundo, pelo menos 107 países confirmaram casos do vírus.

Epidemia

Dentro do bloco europeu, a Itália é o país que mais registrou casos da doença, com ao menos 7.375, segundo o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC). Na segunda-feira, registrou 168 mortes, o maior número em um dia até agora, contabilizando um total de 631 mortes, o que levou o governo italiano a pôr todo o país de quarentena. O COVID -19, infecção provocada pelo novo coronavírus, já causou mais de 4 mil mortes, 77% das quais (3.140 pessoas) eram oriundas da China, país onde se iniciou o surto.

No Brasil, o Ministério da Saúde registrou 893 casos suspeitos (eram 930 na segunda-feira), 34 casos confirmados (eram 25 no balanço anterior), 780 casos descartados e 5 pacientes estão hospitalizados, sendo a paciente de Brasília em estado grave. Ao todo, são 19 casos em São Paulo, 8 no Rio de Janeiro e 2 na Bahia. Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Alagoas e Minas Gerais têm 1 cada. Já são 5 casos por transmissão local, por contato próximo com pessoas que foram infectadas no exterior, porém, não há registro de casos de "transmissão comunitária", quando as autoridades de saúde não conseguem rastrear de onde veio a contaminação.

Em Miami, com base nesses números, Bolsonaro concluiu que a "questão do coronavírus" é mais uma "fantasia" propagada pela mídia no mundo todo. Repete o mesmo equívoco de Donald Trump, que subestimou a epidemia e agora corre atrás do prejuízo, pois a pisada de bola pode pôr em risco a sua reeleição. Trump tratou o surto como uma disputa política, subestimou as medidas de prevenção e demorou a reagir. A epidemia se espalhou rapidamente por 34 estados, com mais de 550 casos. Oito estados declararam emergência. O estado de Nova York isolou uma comunidade inteira, New Rochelle, um subúrbio da cidade de Nova York.




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