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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Bolsonaro continua negando a chegada da segunda onda de COVID ao país

Presidente deveria prestar mais atenção à Suécia, que tratou o coronavírus como gripezinha e agora acata recomendação da OMS


19/11/2020 04:00 - atualizado 19/11/2020 07:38

Bolsonaro segue mantendo sua retórica de valentão contra o novo coronavírus(foto: ISAC NOBREGA/PR)
Bolsonaro segue mantendo sua retórica de valentão contra o novo coronavírus (foto: ISAC NOBREGA/PR)


A pandemia de COVID-19 no Brasil virou um endemia e assim será, até que a população seja vacinada em massa. A segunda onda, que está sendo avassaladora nos Estados Unidos e na Europa, aqui está começando, sem que a primeira tenha ido embora, ou seja, se inicia de um patamar muito alto, como aconteceu nos EUA.

O presidente Jair Bolsonaro continua com sua postura negacionista, a ponto de, ontem, mandar apagar mensagem do Ministério da Saúde recomendando isolamento social.

Deveria prestar um pouco de atenção ao que acontece na Suécia, que tratou o novo coronavírus como uma gripezinha, mas agora mudou de paradigma e resolveu aceitar as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

São Paulo, por ser o estado mais populoso e também o mais conectado com os demais e o exterior, registra um aumento de 18% no número de casos de internações nas redes hospitalares pública e privada em São Paulo neste mês.

Como na primeira onda, as classes A e B estão sendo as mais afetadas; a explosão deve ocorrer quando chegar à população de mais baixa renda, com menos capacidade de se manter a salvo do contato com o vírus.

O grande dilema é como lidar com as medidas de proteção individual e, ao mesmo tempo, evitar o colapso econômico e social.

O presidente Jair Bolsonaro reage a isso como quem entra em pânico numa emergência, apesar da retórica de valentão.

Insiste na tese de que o isolamento social é a causa da crise econômica, culpando governadores, prefeitos, o Supremo e os “maricas” que têm medo do vírus, ou seja, a maioria de nós.

Não reconhece que, em todo mundo, a origem da crise econômica é a pandemia; e que a política de isolamento social é uma maneira de evitar desastre ainda maior.

Um breve comentário de um confeiteiro do Sudoeste, bairro do Plano Piloto, em Brasília, resume a questão. Ele observa o comportamento dos clientes e conclui: a maioria dos que tomam os devidos cuidados no balcão de seu pequeno comércio — máscara e higienização das mãos — não tiveram a doença.

Os que chegavam com máscara no queixo e não utilizavam o álcool gel, em sua maioria, com a evolução da pandemia, lhe disseram que contraíram a doença. “Um deles me disse que 22 pessoas da sua família tiveram a Covid-19”.

Dívida pública

Este é o xis da questão: é impossível manter as atividades econômicas sem protocolos rígidos de procedimento nas empresas e um comportamento equivalente por parte dos consumidores. A maioria das pessoas não está contraindo o vírus nos locais de trabalho, que seguem regras rígidas de funcionamento, mas em razão de seu comportamento social.

A generalização das aglomerações — e não apenas os bailes funks — e a campanha eleitoral, de certa forma, contribuíram para a segunda onda, mas é preciso verificar as características do vírus que está circulando, para saber se o grau. De mutação genética. Mesmo quem já teve a doença, por essa razão, deve tomar cuidado.

Bolsonaro continua negando a chegada da segunda onda, mais ou menos como fez na primeira. O problema é que não terá como negar seu impacto na economia, porque a situação do Tesouro é muito diferente.

A dívida pública deve chegar a 100% do PIB no final do ano. O governo não terá como prorrogar o auxílio emergencial por longo período, mesmo mantendo seu valor em R$ 300.

Eleições

Estão saindo as primeiras pesquisas do segundo turno. Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) lidera a disputa com 47% de intenções de votos, 12 pontos de vantagem em relação a Guilherme Boulos (Psol), com 35%, segundo o Ibope.

Será uma disputa que reproduz a polarização tradicional da capital, com o candidato do PSol no lugar de um petista.  No Rio, o Ibope apurou uma grande vantagem de Eduardo Paes (DEM), com 53% de intenções de votos, contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que empacou nos 23%.

Devido à rejeição astronômica do atual prefeito carioca, a eleição está no colo do ex-prefeito.  No Recife, Marília Arraes (PT) assumiu mesmo a liderança, com 45%, contra João Campos (PSB), com 39%. A novidade é a coalizão entre a petista, que disputa a herança política do avô Miguel Arraes, e a direita pernambucana.

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