(none) || (none)

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Em sua postura de combate à COVID, Pazuello é o pior ministro da história

STF autorizou investigação do chefe do Ministério da Saúde por causa de sua conduta na crise em Manaus


26/01/2021 04:00 - atualizado 26/01/2021 07:38

Em depoimento do ministro à Polícia Federal, em data a ser marcada, Pazuello terá que apresentar informações sobre as ações efetivamente adotadas em relação ao estado da saúde pública de Manaus(foto: EVARISTO SÁ/AFP 6/8/20)
Em depoimento do ministro à Polícia Federal, em data a ser marcada, Pazuello terá que apresentar informações sobre as ações efetivamente adotadas em relação ao estado da saúde pública de Manaus (foto: EVARISTO SÁ/AFP 6/8/20)

Em tempos de quarentenas e isolamento social, o filme Operação final é um dos mais populares da Netflix. Narra o sequestro do criminoso nazista Adolf Eichmann (Bem Kingsley, em interpretação magistral) na Argentina, para submetê-lo a julgamento em Jerusalém pelos crimes que cometeu na Segunda Guerra Mundial.

Os principais líderes nazistas, como Adolf Hitler, evitaram a Justiça através do suicídio, mas o responsável pelos campos de concentração conseguiu escapar e vivia escondido, até ser identificado e localizado por causa das suas ligações com a extrema-direita argentina.
 
Fugitivo, Eichmann era imaginado como um sujeito brutal e sanguinário, mas o julgamento mostrou outro tipo de personalidade: um burocrata militar (tenente-coronel das SS) cujo objetivo central era vencer na vida a todo custo, incapaz de refletir sobre as consequências de suas ações.

Eichmann era o gestor de um conjunto de instruções voltadas à destruição dos judeus. Cumpria ordens para dar cabo dos objetivos genocidas do movimento nacional-socialista alemão fundado e chefiado por Adolf Hitler.

Era o mais comum dos homens, educado, inteligente, e afirmava que particularmente não era antissemita; era apenas um servidor público cumpridor das leis.
 
Eichmann foi um dos responsáveis pelo transporte dos prisioneiros judeus para os campos de concentração. Ele cuidava da logística que levaria milhões de pessoas aos mais diversos tipos de torturas e à morte.

Entretanto, via sua função como sendo apenas parte do sistema, como se estivesse meramente cumprindo ordens, executando corretamente suas tarefas, sem levar em consideração o que realmente significava sua parte no esquema nazista.

Ele era um de muitos do mesmo tipo, indiferentes ao sofrimento alheio, com frieza e incapacidade de comiseração.
 
A filósofa judia-alemã Hannah Arendt acompanhou o julgamento e escreveu um livro (Eichman em Jerusalém) no qual caracterizou a atuação do oficial nazista como a banalização do mal: “O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente normais.

Do ponto de vista de nossas instituições e de nossos padrões morais de julgamento, essa normalidade era muito mais apavorante do que todas as atrocidades juntas, pois implicava que […] esse era um novo tipo de criminoso, efetivamente hostis generis humani, que comete seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente impossível para ele saber ou sentir que está agindo de modo errado”, escreveu.

O filme Hannah Arendt— Ideias que chocaram o mundo conta muito bem essa história


Inquérito


Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a abertura de inquérito para investigar a conduta do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na crise de saúde do Amazonas, que entrou em colapso, com superlotação dos leitos hospitalares e desabastecimento de oxigênio.

Em depoimento do ministro à Polícia Federal, em data a ser marcada, Pazuello terá que apresentar informações sobre as ações efetivamente adotadas em relação ao estado da saúde pública de Manaus. Lewandowski definiu prazo inicial de 60 dias para as investigações da PGR serem concluídas.
 
O caso foi enviado a Lewandowski pela vice-presidente do STF, Rosa Weber, à frente do plantão judiciário durante o recesso, porque o ministro é o relator de outros processos ligados à pandemia.

O pedido de inquérito foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, com base em uma representação do partido Cidadania e em informações apresentadas pelo próprio ministro Pazuello, além de apuração preliminar dos procuradores federais que atuam na área de saúde.

Pazuello soube do colapso iminente do Sistema Único de Saúde (SUS) em Manaus em dezembro, mas só tomou providências efetivas em janeiro. Dezenas de pessoas morreram por falta de oxigênio, enquanto o Ministério da Saúde insistia em prescrever cloroquina para conter a crise sanitária.
 
Nem de longe as mortes causadas pela pandemia no Brasil, apesar de toda a incúria e falta de empatia do presidente Jair Bolsonaro, se comparam aos horrores do Holocauto.

Entretanto,  a “banalidade” com que são tratadas é um espanto. O comportamento é o mesmo apontado por Arendt na descrição de Eichmann: alguém que não conseguia perceber a realidade, não se colocava no lugar do outra pessoa, porque internalizou que o que estava fazendo era o correto.

Eichmann cumpria ordens sem questionar o certo e o errado; dessa forma, tornou-se um dos maiores criminosos de guerra. Bolsonaro manda, Pazuello obedece e, com isso, se tornou o pior ministro da Saúde da nossa história.

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)