“Ave Caesar, morituri te salutant” (Salve César, os que vão morrer te saúdam), o brado célebre dos gladiadores romanos ao serem lançados aos leões parece ser a linha de atuação das testemunhas ligadas ao Ministério da Saúde durante os depoimentos na CPI da COVID no Senado. Por essa razão, mente-se tanto nas oitivas.
Ontem, o presidente da CPI, senador Osmar Aziz (PSD-AM), resolveu dar um basta na estratégia adotada pelo Palácio do Planalto para circunscrever ao máximo os trabalhos da comissão e construir um muro de contenção às investigações, de modo que não cheguem ao presidente da República nem ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazzuello, um general de divisão da ativa.
Ontem, o presidente da CPI, senador Osmar Aziz (PSD-AM), resolveu dar um basta na estratégia adotada pelo Palácio do Planalto para circunscrever ao máximo os trabalhos da comissão e construir um muro de contenção às investigações, de modo que não cheguem ao presidente da República nem ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazzuello, um general de divisão da ativa.
Aziz (PSD-AM) deu voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, quando prestava depoimento na CPI, porque mentiu aos senadores e cometeu perjúrio, no seu entendimento: “Não aceito que a CPI vire chacota. Nós temos 527 mil mortos. E os caras brincando de negociar vacina. (...) Ele está preso por mentir, por perjúrio. (...) E todo depoente que estiver aqui que achar que pode brincar vai ter o mesmo destino dele”, disse. Essa é uma prerrogativa constitucional da CPI, mas trata-se de um crime afiançável, pelo qual Dias poderá responder em liberdade. O ex-diretor de Logística fora convocado a dar explicações sobre as acusações de ter pedido propina de US$ 1 por dose em negociações par a aquisição de vacinas e ter pressionado um servidor do ministério a agilizar a aquisição irregular da Covaxin, vacina produzida na Índia. Dias nega as duas acusações.
A estratégia adotada pelo governo na CPI é a mesma que os militares utilizam em tempos de guerra: contrainformação. Numa CPI, como ensinam os manuais de gerenciamento de crise, mentir é muito perigoso.
“Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”, dizia Abraham Lincoln. Além disso, a mentira precisa de cúmplices, o que gera conflitos de informações e contradições entre depoimentos de testemunhas e investigados. O resultado dessa estratégia fracassada é que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Antônio Élcio Franco Filho, hoje lotado no Palácio do Planalto, agora está no sal e deverá ser convocado para novo depoimento.
“Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”, dizia Abraham Lincoln. Além disso, a mentira precisa de cúmplices, o que gera conflitos de informações e contradições entre depoimentos de testemunhas e investigados. O resultado dessa estratégia fracassada é que o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Antônio Élcio Franco Filho, hoje lotado no Palácio do Planalto, agora está no sal e deverá ser convocado para novo depoimento.
Coronel da reserva do Exército, Antônio Elcio Franco ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello de junho de 2020 a março de 2021, sendo o responsável pelas negociações com fabricantes para a compra de vacinas contra a COVID-19.
O militar se destacou pela arrogância, desde quando destratou um garçom de seu gabinete, logo após assumir o cargo. Nas entrevistas, exibia um broche com uma faca ensanguentada, símbolo dos militares treinados para forças especiais de comandos.
O militar se destacou pela arrogância, desde quando destratou um garçom de seu gabinete, logo após assumir o cargo. Nas entrevistas, exibia um broche com uma faca ensanguentada, símbolo dos militares treinados para forças especiais de comandos.
Gravações
Roberto Dias deixou a impressão de que mentia na CPI para proteger o coronel Élcio Costa e outros militares envolvidos na compra de vacinas. Sua prisão ocorreu após a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) mencionar os áudios extraídos do celular do cabo da PM mineira Luiz Paulo Dominguetti Pereira, vendedor autônomo da Davati Medical Supply, que desmentiam o depoimento de Dias.
O teor das gravações dá a entender que Dominguetti havia conversado com Dias antes do encontro de ambos, em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, no Brasília Shopping. A mensagem contradiz a versão do ex-diretor do Ministério da Saúde, de que havia marcado um chope com um amigo, José Ricardo Santana, e o coronel Marcelo Blanco teria aparecido espontaneamente acompanhado de Dominguetti.
O teor das gravações dá a entender que Dominguetti havia conversado com Dias antes do encontro de ambos, em 25 de fevereiro, no restaurante Vasto, no Brasília Shopping. A mensagem contradiz a versão do ex-diretor do Ministério da Saúde, de que havia marcado um chope com um amigo, José Ricardo Santana, e o coronel Marcelo Blanco teria aparecido espontaneamente acompanhado de Dominguetti.
Na terça-feira, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma entrevista na qual Dominguetti, suposto representante da empresa norte-americana Davati Medical Supply, afirmou que Roberto Dias pediu o acréscimo de US$ 1 por cada dose de vacina da AstraZeneca. O total de doses prometidas pela Davati alcançaria 400 milhões.
Seriam, portanto, US$ 400 milhões em propina pela autorização do negócio. No mesmo dia, Dias foi demitido do cargo, para o qual teria sido nomeado por indicação do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara. Ex-ministro da Saúde, Barros está envolvido na tentativa de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin, segundo denúncia do deputado Luiz Miranta e seu irmão, Luiz Ricardo Miranda, funcionário de carreira do Ministério da Saúde.
Seriam, portanto, US$ 400 milhões em propina pela autorização do negócio. No mesmo dia, Dias foi demitido do cargo, para o qual teria sido nomeado por indicação do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara. Ex-ministro da Saúde, Barros está envolvido na tentativa de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin, segundo denúncia do deputado Luiz Miranta e seu irmão, Luiz Ricardo Miranda, funcionário de carreira do Ministério da Saúde.