Grande o suficiente para garantir uma base parlamentar capaz de barrar um processo de impeachment, como ficou claro no pronunciamento do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Não o suficiente para intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF), como deixou claro o seu presidente, ministro Luiz Fux.
Mesmo assim, Bolsonaro contém a expectativa de poder da oposição, gerada principalmente pelo favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ameaça de impedir as eleições ou não aceitar seu resultado, ou seja, de não deixar que o petista tome posse, caso vença as eleições, como fizera Carlos Lacerda na campanha eleitoral de 1950.
Além de uma fieira de crimes eleitorais – propaganda antecipada, uso indevido de recursos públicos, financiamento ilegal etc. –, Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao atacar o Supremo e dizer que não aceitaria decisões do ministro Alexandre de Moraes. A premissa de um processo de impeachment já está dada. A forma, ainda não; é um processo político, que somente começa quando o presidente da Câmara tira da gaveta um dos pedidos de impeachment.
Criou um clima favorável ao surgimento de uma candidatura de centro, comprometida com a democracia, ou seja, alternativa a ele próprio, e não ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O monitoramento das redes sociais pelas agências de risco aponta nessa direção.
Há pré-candidatos assumidos: Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Alessandro Vieira (Cidadania); ou que se fingem de morto: Sergio Moro (sem partido) e Rodrigo Pacheco (DEM). Quem conseguir galvanizar “a direita da esquerda e a esquerda da direita” do eleitorado pode emergir como alternativa de poder e chegar ao segundo turno. Seus partidos já dialogam intensamente, em busca de uma coalizão contra Bolsonaro.
Estado-maior
Os demais ministros são meros coadjuvantes, mesmo o novo chefe da Casa Civil, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que entrou no governo para tirar Bolsonaro do isolamento e foi engolido pela radicalização.
Bolsonaro têm uma interpretação do poder delegado pelos eleitores à Presidência que extrapola seus limites constitucionais, vem daí vem o conflito institucional. Ontem, apoiadores mais radicais e truculentos tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro incitou-as e sinalizou que pretende mobilizá-las para impedir as eleições de 2022, uma ameaça muito grave à democracia.