Lula foi solto logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) revogar o dispositivo que determina a execução de pena após condenação em segunda instância, em 8 de março do ano passado, decisão seguida da anulação de sua condenação, por não respeitar o princípio do juiz natural, que seria o foro do Distrito Federal, e não o de Curitiba (PR), como sempre afirmou sua defesa.
Esse favoritismo decorre em parte do fracasso do governo do presidente Jair Bolsonaro, cada vez mais de difícil reversão, devido à postura do presidente da República durante a pandemia, ao fracasso da política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, e à ameaça à democracia, que, para muitos, a sua reeleição representaria.
A vida de Lula somente se complicou após deixar o poder, com o escândalo do Petrolão, investigado pela Operação Lava-Jato , em cujo inquérito foi arrolado, e devido ao fracasso econômico e ao isolamento político do governo Dilma Rousseff, após a reeleição, em 2014.
Em torno de Lula formou-se uma frente de esquerda, nucleada pelo PT, PSB e PCdoB, os partidos da antiga Frente Popular. Com as mudanças ocorridas na legislação partidária, o PT tenta viabilizar uma federação de esquerda nos moldes da Frente Ampla Uruguaia, que é o mais bem-sucedido e perene bloco de alianças políticas de esquerda do Cone Sul, integrado à época por comunistas, socialistas, democratas-cristãos e dissidentes dos partidos Colorado e Nacional.