Há resistências à candidatura de Doria no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Paraná, na Bahia, na Paraíba, no Distrito Federal, em Goiás, no Pará e no Amapá, estados que admitem até não coligar e disputar as eleições com chapa própria. Simpático à aliança com Doria, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, líder histórico da legenda, defende a federação com os tucanos na perspectiva de um projeto futuro de fusão, que seria um reencontro social-democrata. Pré-candidato à Presidência, o senador Alessandro Vieira (SE) foi escolhido para coordenar as conversas da comissão com as demais legendas.
Embora Doria tenha 2% de intenções de votos, e Simone, 1%, as pesquisas de opinião mostram uma rejeição muito mais alta do governador de São Paulo: enquanto a senadora tem 5%, o tucano registra 23%.
Entretanto, Doria também tem seus aliados no MDB. Em São Paulo, as duas legendas formam um só bloco político, no estado e na capital. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que assumiu o cargo com a morte do titular, sempre foi aliado do PSDB. Ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, Carlos Marun (MDB), não esconde a simpatia por um acordo entre Tebet e Doria. O tucano tem afirmado que gostaria de uma mulher como vice.
Já o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (TO), e o senador Fernando Bezerra (PE), ex-líder do governo no Senado, apoiam a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Até agora, porém, não há manifestações públicas contra a senadora de seus colegas de Senado.
O fator Alckmin
Para com plicar ainda mais a relação, Doria resolveu filiar ao PSDB o vice Rodrigo Garcia, indicando-o como sucessor, o que frustrou as pretensões de Alckmin, num caso clássico de criatura que se volta contra seu criador. E ainda criou um contencioso com a cúpula do antigo DEM, que se fundiu com o PSL no União Brasil.
Ocorre que o ex-prefeito Fernando Haddad teve a candidatura mantida pelo PT e a relação com o PSB se complicou, até porque há outros contenciosos regionais. Diante do impasse, Alckmin permanece sem partido e seu nome está como charuto de bêbado na boca de Lula, o que é muito bom para os dois.