O presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial de um dia, ainda que o relacionamento entre ambos andasse estremecido em razão da saída do governo de alguns de seus principais aliados, como o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e o ex-chanceler Ernesto Araújo. Bolsonaro lamentou a morte do escritor e prestou solidariedade aos familiares, amigos e alunos dele.
Carvalho nunca foi reconhecido como filósofo pela academia. Foi astrólogo e integrante de uma seita muçulmana sufista. Por meio das redes sociais, conseguiu difundir suas teses conservadoras com muito sucesso. Seu perfil no Facebook tem mais de 587 mil seguidores. Mantinha um seminário virtual, cuja mensalidade custava R$ 60.
Autointitulava-se “líder supremo do comunismo latino-americano” e dizia que "ideologia de gênero, abortismo e gayzismo" são parte de uma "revolução cultural" coordenada por comunistas.
Misturava as ideias do norte-americano Steve Banon, ex-estrategista de Donald Trump e um dos responsáveis pela invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, com velhas teses sobre a realidade brasileira cujas origens estão em intelectuais como Oliveira Vianna (Populações meridionais do Brasil) e Oliveiros S. Ferreira (Limites e possibilidades do partido fardado). Suas intervenções eram radicais, desbocadas e sempre agressivas.
Olavo de Carvalho também resgatou velhas teses de Oliveira Viana sobre a elite agrária e o papel dos militares, também endossadas por Oliveiros S. Ferreira, de quem tomou a interpretação sobre o conceito de hegemonia do teórico marxista Antônio Gramsci, para construir sua narrativa sobre o chamado “marxismo cultural”, chave para entender a política de Bolsonaro em relação à educação e à cultura.