Permanece a pendência entre o ex-governador Márcio Franca e o ex-prefeito Fernando Haddad em relação à disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, candidatura postulada também por Guilherme Boulos, do Psol. Entretanto, isso não será mais empecilho para a aliança nacional. O que subiu no telhado foi a federação entre o PT e o PSB, por causa das dificuldades regionais, que têm provocado trocas de acusações entre dirigentes dos dois partidos.
Agora, Lula se movimenta também em direção ao senador José Serra (SP), outro líder histórico do PSDB. Apesar dos problemas de saúde, que inclusive o obrigaram a se licenciar, cedendo a cadeira no Senado para seu primeiro suplente, José Aníbal, Serra tem revelado a interlocutores que deseja concorrer à reeleição. Um acordo com Serra, outro ex-governador paulista, praticamente garantiria a vitória de Lula em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.
Em ambas as disputas, não aceitou ser refém da política tradicional. Quando disputou a prefeitura paulista, era um coelho que Alckmin tirou da cartola; na eleição para o governo do estado, porém, se tornou a criatura que se virou contra o criador, cristianizou o padrinho político e se elegeu na aba do chapéu do presidente Jair Bolsonaro, ao qual faz ferrenha oposição agora. O resultado é o ódio dos petistas e dos bolsonaristas.
Oriundo do DEM, a filiação de Garcia ao PSDB descontentou Alckmin e outros caciques tucanos, como José Aníbal. O pior dos mundos, para Doria, será ser “cristianizado” pelos prefeitos, após deixar o governo. Em nível nacional, Doria também enfrenta dificuldades, por causa do afastamento da União Brasil (A fusão do PSL e do DEM) de sua candidatura. A alternativa vem sendo negociar uma federação com o MDB e o Cidadania, o que não é uma tarefa fácil, por vários motivos.
Dificuldades
O pré-candidato do Cidadania, Alessandro Vieira, não é o principal obstáculo ao acordo, embora sua candidatura até agora esteja mantida pelo Cidadania. O maior problema de Doria é a resistência à federação com o PSDB em 16 estados, dos quais 12 de manifestaram publicamente contra a ali ança.
Mesmo assim, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, trabalha para selar o acordo, juntamente com o líder da bancada, Alex Manente (SP), que inclusive articula no nome da senadora Eliziane Gama (MA) para vice de Doria. As alternativas em discussão no cidadania são federar com o PDT ou Podemos ou manter a candidatura de Vieira.
Outra ameaça ao projeto de Doria é a movimentação do ex-prefeito paulista Gilberto Kassab, presidente do PSD. Tudo indica que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está mais empenhado na reeleição para o cargo do que na pré-candidatura à Presidência, que não emplacou, nem mesmo em Minas. Em busca de uma alternativa, Kassab conversa com o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, cuja filiação ao PSD deve ocorrer no fim do mês. Uma eventual candidatura do político capixaba seria mais um problema para o tucano.