Pesquisas eleitorais sobre as eleições presidenciais realizadas duramente a última semana mostram que a diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro está caindo. Novas pesquisas, que serão divulgadas no decorrer da semana, servirão para verificar se a tendência se mantém ou não. O mais provável é que sim, apesar das manifestações da sociedade civil em defesa da Democracia, realizadas em 11 de agosto.
Na pesquisa do Instituto FSB contratada pelo banco BTG Pactual, divulgada no começo da semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava a corrida presidencial, com 41% das intenções de voto na apuração estimulada, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 34%, uma diferença de sete pontos. Em seguida, Ciro Gomes (PDT) com 7% das intenções e Simone Tebet (MDB), que registrou 3%.
São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais, com 22,6% e 10,41% dos 156,4 milhões de eleitores do país, registraram alterações importantes nas pesquisas divulgadas na quinta e sexta-feira, pela consultoria Quaest, contratadas pela corretora Genial Investimentos.
Em São Paulo, Lula registrou 37% dos votos do eleitorado paulista, enquanto Bolsonaro ficou com uma fatia de 35%, ou seja, estão tecnicamente empatados na margem de erro de 2%. Já em Minas, Bolsonaro cresceu quatro pontos na pesquisa estimulada, registrando 26% das intenções de voto. Em julho, ele tinha 22%. Lula, por sua vez, caiu cinco pontos: de 36% para 31%.
Levando em conta esses mesmos dados, a distância entre Lula e Bolsonaro caiu de 14 para cinco pontos e, portanto, está além da margem de erro, em Minas, mosaico do eleitorado nacional. Quem ganha em Minas, geralmente, leva o caneco para casa.
O que estaria alterando o cenário eleitoral? Não é o crescente isolamento político de Bolsonaro, devidamente registrado pelos manifestos em defesa do Estado democrático de direito. Isso deveria aumentar a rejeição de Bolsonaro, mas está acontecendo o contrário: a avaliação do governo está melhorando e a de Bolsonaro, também.
Não vou repetir o velho bordão do James Carville, marqueteiro do Bill Clinton, mas o cenário eleitoral está sendo alterado em razão da economia, sobretudo do impacto no novo Auxílio Brasil e da redução dos preços da gasolina e do diesel. Na verdade, houve por parte da oposição uma subestimação do impacto que a PEC Emergencial, aprovada pelo Congresso com seu apoio, teria no comportamento dos eleitores — em favor de Bolsonaro, é claro.
O jornalista José Casado, na sua coluna da Veja de ontem, intitulada Mistério Político, mostra isso com clareza cristalina: “De cada 100 eleitores, quarenta dependem da ajuda do governo para sobreviver”. Na urna eletrônica, esses 40% da população representam 55% dos eleitores.
“Isso acontece em treze dos 27 estados, onde há mais gente sobrevivendo dos programas sociais do que trabalhadores remunerados no mercado formal. Exemplos: no Maranhão, o número de beneficiários supera em 550 mil o total de empregados com carteira assinada; na Bahia são 410 mil; no Pará, 330 mil; em Pernambuco, 150 mil; e, no Ceará, 110 mil.” São grandes colégios eleitorais. Na região Norte, o percentual é ainda maior: Roraima (66%), Amapá (63%), Acre (60%) e Pará (60%).
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Em São Paulo, Lula registrou 37% dos votos do eleitorado paulista, enquanto Bolsonaro ficou com uma fatia de 35%, ou seja, estão tecnicamente empatados na margem de erro de 2%. Já em Minas, Bolsonaro cresceu quatro pontos na pesquisa estimulada, registrando 26% das intenções de voto. Em julho, ele tinha 22%. Lula, por sua vez, caiu cinco pontos: de 36% para 31%.
Levando em conta esses mesmos dados, a distância entre Lula e Bolsonaro caiu de 14 para cinco pontos e, portanto, está além da margem de erro, em Minas, mosaico do eleitorado nacional. Quem ganha em Minas, geralmente, leva o caneco para casa.
O que estaria alterando o cenário eleitoral? Não é o crescente isolamento político de Bolsonaro, devidamente registrado pelos manifestos em defesa do Estado democrático de direito. Isso deveria aumentar a rejeição de Bolsonaro, mas está acontecendo o contrário: a avaliação do governo está melhorando e a de Bolsonaro, também.
Não vou repetir o velho bordão do James Carville, marqueteiro do Bill Clinton, mas o cenário eleitoral está sendo alterado em razão da economia, sobretudo do impacto no novo Auxílio Brasil e da redução dos preços da gasolina e do diesel. Na verdade, houve por parte da oposição uma subestimação do impacto que a PEC Emergencial, aprovada pelo Congresso com seu apoio, teria no comportamento dos eleitores — em favor de Bolsonaro, é claro.
O jornalista José Casado, na sua coluna da Veja de ontem, intitulada Mistério Político, mostra isso com clareza cristalina: “De cada 100 eleitores, quarenta dependem da ajuda do governo para sobreviver”. Na urna eletrônica, esses 40% da população representam 55% dos eleitores.
“Isso acontece em treze dos 27 estados, onde há mais gente sobrevivendo dos programas sociais do que trabalhadores remunerados no mercado formal. Exemplos: no Maranhão, o número de beneficiários supera em 550 mil o total de empregados com carteira assinada; na Bahia são 410 mil; no Pará, 330 mil; em Pernambuco, 150 mil; e, no Ceará, 110 mil.” São grandes colégios eleitorais. Na região Norte, o percentual é ainda maior: Roraima (66%), Amapá (63%), Acre (60%) e Pará (60%).
Erro de cálculo
Para ser igualmente claro, o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais sobe de elevador para o telhado, enquanto o presidente Jair Bolsonaro recupera expectativa de poder e começa a resgatar os eleitores que perdeu por causa da pandemia, do desemprego, da inflação e das bobagens que fala.
Do golpismo, não; essa ainda é a principal razão para que uma parcela dos eleitores que votou com Bolsonaro no segundo turno de 2018 esteja arrependida e disposta a votar no ex-presidente Lula, apesar do seu próprio antipetismo, e em outro candidato de oposição, como Ciro e Simone.
A centralidade da política continua sendo o eixo de convergência das forças políticas democráticas contra Bolsonaro no segundo turno, quiçá até no primeiro, mas não será isso que decidirá o voto da grande massa de eleitores. O posicionamento do eleitor em relação à reeleição de Bolsonaro considera o conjunto da obra, entretanto, o que mais pesa na decisão de voto são suas condições materiais de existência.
A oposição errou o cálculo ao aprovar a PEC Emergencial, que agora possibilita a Bolsonaro gastar o que quiser no seu pacote de bondades a menos de 600 dias das eleições, sem preocupações com equilíbrio fiscal e o respeito à legislação eleitoral, que criminaliza o abuso do poder econômico nas campanhas, principalmente o uso de recursos públicos para influenciar os eleitores por parte dos governantes.
Bolsonaro está com a faca e o queijo nas mãos, autorizado pelo Congresso a gastar cerca de R$ 41 bilhões em transferência de recursos para a população mais pobre do país.
O impacto desses recursos na economia, principalmente nas pequenas e médias cidades, corresponde a R$ 1,4 para cada real gasto. Ou seja, seu efeito multiplicador beneficia não somente os que dependem da ajuda do governo para comer como também aqueles que movimentam os pequenos negócios locais. O desgaste da oposição, caso não tivesse aprovado a PEC Emergencial antes da eleição, era apenas uma hipótese. O favorecimento de Bolsonaro é um fato. E Lula não sabe ainda como parar o elevador.
Do golpismo, não; essa ainda é a principal razão para que uma parcela dos eleitores que votou com Bolsonaro no segundo turno de 2018 esteja arrependida e disposta a votar no ex-presidente Lula, apesar do seu próprio antipetismo, e em outro candidato de oposição, como Ciro e Simone.
A centralidade da política continua sendo o eixo de convergência das forças políticas democráticas contra Bolsonaro no segundo turno, quiçá até no primeiro, mas não será isso que decidirá o voto da grande massa de eleitores. O posicionamento do eleitor em relação à reeleição de Bolsonaro considera o conjunto da obra, entretanto, o que mais pesa na decisão de voto são suas condições materiais de existência.
A oposição errou o cálculo ao aprovar a PEC Emergencial, que agora possibilita a Bolsonaro gastar o que quiser no seu pacote de bondades a menos de 600 dias das eleições, sem preocupações com equilíbrio fiscal e o respeito à legislação eleitoral, que criminaliza o abuso do poder econômico nas campanhas, principalmente o uso de recursos públicos para influenciar os eleitores por parte dos governantes.
Bolsonaro está com a faca e o queijo nas mãos, autorizado pelo Congresso a gastar cerca de R$ 41 bilhões em transferência de recursos para a população mais pobre do país.
O impacto desses recursos na economia, principalmente nas pequenas e médias cidades, corresponde a R$ 1,4 para cada real gasto. Ou seja, seu efeito multiplicador beneficia não somente os que dependem da ajuda do governo para comer como também aqueles que movimentam os pequenos negócios locais. O desgaste da oposição, caso não tivesse aprovado a PEC Emergencial antes da eleição, era apenas uma hipótese. O favorecimento de Bolsonaro é um fato. E Lula não sabe ainda como parar o elevador.