No dia 30 de setembro de 1937, a Hora do Brasil, até hoje o programa radiofônico oficial do governo federal, anunciou uma bomba, como se dizia antigamente: o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, revelou a descoberta de um plano cujo objetivo era derrubar o presidente Getúlio Vargas. O Plano Cohen supostamente era um projeto de tomada do poder pelo Partido Comunista Brasileiro, com apoio de organizações comunistas internacionais.
Seria uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935, na qual haveria greves de operários, manifestações estudantis, libertação de presos políticos, incêndio de casas e prédios públicos, saques e depredações e eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder. No dia seguinte, diante da “ameaça vermelha”, Getúlio Vargas solicitou ao Congresso Nacional a decretação do Estado de Guerra, promoveu uma intensa perseguição aos comunistas e aos demais opositores políticos, como o governador gaúcho Flores da Cunha. No dia 10 de novembro, suspendeu as eleições marcadas para 1938 e o Brasil amanheceu sob a ditadura do Estado Novo.
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Reforma tributária aprovada fortaleceu Lula e isolou BolsonaroAprovação da reforma tributária sedimenta a aliança Lula-LiraCom 2,1 bilhões em emendas, governo destrava reforma tributáriaO iliberalismo não morreu com a inelegibilidade de BolsonaroA cortina que encobre as escolas cívico-militares de BolsonaroO plano fora elaborado a pedido de Plínio Salgado, dirigente da AIB, que afirmou tratar-se de uma simulação de insurreição comunista, apenas para efeito de estudos e utilizado exclusivamente no âmbito interno da AIB. No entanto, uma cópia do documento chegou ao conhecimento da cúpula das Forças Armadas. Mourão revelaria em suas memórias que Góes Monteiro teve acesso ao documento através do general Álvaro Mariante, e dele se apropriou. E justificou seu silêncio diante da fraude em razão da disciplina militar a que estava obrigado.
Bico calado
Já Plínio Salgado, líder maior da AIB, que participara ativamente dos preparativos do golpe de 1937, mais tarde, diria que não revelou a fraude por temor de desmoralizar as Forças Armadas, única instituição, segundo ele, capaz de conter o "perigo vermelho". O capitão Mourão, mais tarde, já general, viria a liderar o golpe militar que destituiu o presidente João Goulart, em 1964, deslocando suas tropas de Juiz de Forças (MG) para o Rio de Janeiro.
Cabe a pergunta: por que lembrar disso agora? Porque a história serve para melhor compreender o presente. O silêncio do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o "coronel" Mauro Cid nos bastidores do governo Bolsonaro, de quem era ajudante de ordem, valeu por mil palavras na CPI que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.
Durante quase seis horas, negou-se a responder todas as perguntas, mesmo aquelas que não teriam nenhuma consequência negativa, tipo revelar sua idade. O silêncio foi tão eloquente que o presidente da CPI dos Atos Golpistas, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), estuda as "medidas cabíveis" contra Mauro Cid por exorbitar em relação ao habeas corpus que fora com cedido pela ministra do Supremo Tribunal Federal(STF) Cármem Lúcia.
O habeas corpus garantia o direito de permanecer calado quanto a fatos que o incriminasse, não os demais. Entretanto, ao anunciar que se manteria calado, Mauro Cid revelou que já responde a oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF): envolvimento no 8 de janeiro, no caso da falsificação do atestado de vacina de Bolsonaro, no rolo das joias e outros presentes da Arábia Saudita, no vazamento de informações sobre inquérito da Pol