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BRA$IL EM FOCO

Energia cara e chuvas escassas, os novos desafios para o Brasil

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A previsão do Banco Central de que durante todo o ano de 2021 seja necessário o acionamento das bandeiras tarifárias na conta de energia elétrica chama a atenção mais uma vez para a necessidade de o setor elétrico brasileiro se preparar para uma reação mas vigorosa da economia. Do dia 1º, quando entrou em vigor a bandeira vermelha patamar 2 (o mais severo), até hoje a situação dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que são a caixa d'água do país, não se alterou significativamente e permanece em nível baixo, forçando o acionamento das termelétricas.



As térmicas foram acionadas em outubro e a previsão era de que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste chegassem ao final daquele mês (em tese, início do período chuvoso) nessas regiões a um nível de pouco mais de 23%, mas na última sexta-feira eles estavam em 16,52%, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), enquanto o Sistema Sul chegou a 23,48%, acima da previsão de 19,8%. Os outros dois sistemas, Norte e Nordeste, também estão abaixo das previsões. O primeiro deveria chegar a 32,5%, mas está em 25,78%, enquanto no segundo – o sistema em melhores condições – as hidrelétricas estão com 47% do reservatório com água, contra uma previsão de 52,4%.

Para piorar o quadro, as previsões de chuva nas bacias hidrográficas estão todas abaixo da média histórica, No maior sistema a previsão é chegar ao fim deste mês com 61% do volume de chuvas, sendo que no Norte elas serão 51% da média, e no Nordeste, 56%. Apenas no Sul o volume de chuvas neste mês deve chegar a 98% da média. E não é só a chuva que complica o quadro. Mesmo com a pandemia dando sinais de uma segunda onda, a previsão é que o consumo de energia elétrica registre alta de 5% em dezembro na comparação com igual período do ano passado. Não, não haverá necessidade de racionamento como em 2001 – mas a que preço o país terá energia elétrica para se desenvolver?

Com essa situação persistindo ao longo dos anos, cresce a preocupação do setor produtivo. “Se não começar um planejamento já, em algum momento, com a volta da demanda reprimida e as chuvas abaixo do esperado, pode faltar energia para o crescimento do país”, alerta Henrique da Costa, CEO da Accell, fabricante de medidores de água, gás e energia elétrica. Ele ressalta que o sistema elétrico brasileiro é interligado e que outro agravante para o encarecimento da energia elétrica foi o fato de o governo parar de comprar energia da Venezuela, o que obriga o acionamento de térmicas a óleo diesel no Norte do país.
 
Outro ponto que Henrique destaca é o fato de o país ser muito dependente da fonte hídrica e de o sistema ter uma infraestrutura na qual há muito tempo não há investimentos – sujeito a problemas como o incêndio na subestação em Macapá, que deixou sem energia a capital mais 13 municípios do Amapá. Mas a energia não é o único problema para a indústria, é só mais um. A gasolina teve quase 20% de reajuste no ano, assim como o diesel, com alta no mesmo patamar. Além disso, persistem os desajustes nas cadeias produtivas, com escassez de embalagens e de metais, o que significa preços mais altos. Esse é o quadro de 'boas-vindas' que 2021 manterá pelo menos no primeiro semestre.



Águas

R$ 60 milhões
é o investimento que a Valmont Brasil fará para ampliar a capacidade de produção de peças e pivôs de irrigação no país.

Efeito positivo

Se há setores amargando perdas com a pandemia, a adoção do home office favoreceu o mercado de computadores, que cresceu 9,9% no terceiro trimestre, com a venda de 1,6 milhão de computadores. A comercialização de notebooks aumentou 25,7%. “As demandas de home office e home schoolling e a necessidade de mobilidade explicam esse movimento”, afirma Rodrigo Okayama, analista de mercado da IDC Brasil.

Efeito positivo 2

Com o coronavírus fechando as lojas, o jeito para os consumidores foi apelar para o e-commerce e o delivery. Com isso, 95% deles pretendem continuar se valendo das compras virtuais em 2021, segundo pesquisa realizada pela EbitNielsen neste fim de ano. No próximo ano, a expectativa ainda é que as vendas do e-commerce devam crescer 26%, o que levaria o setor a um faturamento de R$ 110 bilhões, segundo a ABComm.

Tenham todos um feliz Natal. A coluna dá uma pausa e retorna em 2021