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Bra$il em foco

Ação e reação do Planalto à desconfiança do mercado financeiro

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A reação rápida do presidente Jair Bolsonaro, que foi pessoalmente ao Congresso entregar a medida provisória (MP) para a privatização da Eletrobras na noite de terça-feira, dissipou as nuvens fechadas que se formaram após sua intempestiva decisão de indicar o general da reserva Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras, em substituição a Roberto Castello Branco.


O elogio público ao ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi um aceno ao mercado financeiro. Em todo esse processo desencadeado pelo desejo do governo, acionista majoritário, de trocar o comando da petroleira é preciso enxergar que no calor das declarações houve exageros.

Tanto do governo, que sinalizou para uma intervenção nos preços dos combustíveis, quanto do mercado, que enxergou risco com base na experiência do passado recente.

O capital não tem ideologia, a não ser a do lucro, e bravatas não resolvem questões econômicas complexas, como preços públicos. Represados pela pandemia em 2020, planos de saúde, combustíveis e energia elétrica devem sofrer reajustes expressivos neste ano.

Os cuidados médicos nos contratos individuais foram reajustados em 8,14%, a gasolina subiu 34%, e o diesel 27% este ano. E a energia elétrica ficará 13% mais cara. Os aumentos pesam no bolso dos consumidores (eleitores) e pressionam para baixo a popularidade do governo, uma tentação para práticas populistas.


A não ser que enfrente, de fato, o mercado financeiro e decida barrar aumentos de preços de empresas estatais, Bolsonaro não tem como controlar os reajustes com os preços do petróleo e do dólar em alta.

Em relação às privatizações, elas não deslancharam até agora e têm poucas chances de receber o aval do Congresso no caso de empresas com vários cargos de diretoria e nos conselhos de administração.

Os políticos se acostumaram a garantir essas vagas para seus correligionários. Uma vez na iniciativa privada, esse cabide de empregos e benesses acaba.

É preciso lembrar que estatais têm caixa forte e capacidade de conceder favores – muitas vezes mesquinhos – com aprovação das suas diretorias. E esses favores, muitas vezes, são pano de fundo para decisões políticas.

A MP entregue por Bolsonaro não determina a privatização, mas estabelece condições para que ela seja aprovada pelo Congresso, como a realização de estudos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a fixação de exigência de uma golden share no edital, o que assegura ao governo o poder de veto em decisões do novo dono que estejam em desacordo com as diretrizes para o setor.


Como a MP tem vigência imediata, os estudos para a venda já podem ser realizados. Daí ao leilão haverá um longo processo, que se arrasta desde o governo do presidente Michel Temer.

O mercado reage de acordo com o momento. As ações da Eletrobras tiveram alta de 10% e estavam subindo mais 10% ontem com a perspectiva de privatização.

Isso significa que o leilão da estatal está garantido? É óbvio que não. O perigo é que a valorização das ações da Petrobras, que recuperaram pouco mais de um terço da perda de valor de mercado na sexta-feira e na segunda-feira, seja entendida no Palácio do Planalto como senha para agir com mais força sobre as estatais, sobretudo a petroleira.

Por ora, houve uma trégua entre a vontade de Bolsonaro de jogar de lado a agenda liberal e a do mercado de vê-la ganhar força.

5G e segurança

A chegada da tecnologia 5G ao Brasil deve acelerar a adoção do conceito de Indústria 4.0, com a possibilidade de comunicação mais rápida entre máquinas, permitindo maior segurança nos processos produtivos. “A máquina poderá ser acionada a distância por um trabalhador dentro de um local seguro", afirma Héctor Azpúrua, membro do IEEE e pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV), em Ouro Preto.



“Desestatização”

R$ 11,2 bilhões - É o valor da venda de ações que o BNDES tinha na Vale e vendeu apenas neste ano, encerrando sua participação na empresa

Mais gás

A demanda por gás natural no Brasil deve aumentar de 54,07 milhões de metros cúbicos/dia no ano passado para 72 milhões de metros cúbicos/dia em 2025 e para 111 milhões de metros cúbicos/dia em 2030. Os dados são do relatório “Gás para o Desenvolvimento” do BNDES, que será apresentado hoje, dentro da segunda semana promovida pelo banco para discutir as perspectivas e investimentos do setor 
no país.