A pandemia avança, a ocupação de leitos de UTI atinge nível crítico em praticamente todos os estados, a vacinação não anda – e pode parar – e medidas restritivas se alastram pelo país, elevando o grau de incertezas e a possibilidade de um crescimento econômico menor neste ano. Ao mesmo tempo o dólar segue em alta e pressiona preços dos combustíveis. A inflação segue pressionando o bolso de consumidores e o caixa das empresas. E a partir da semana que vem, a economia passará a conviver com uma nova rodada de aumento da taxa básica de juros, a Selic. Já há consenso de que, quando se reunir no Banco Central, o Conselho de Política Monetária (Copom) vai elevar a Selic, interrompendo um movimento iniciado em outubro de 2019, quando a taxa caiu de 5,5% para 5%. e se manteve recuando até agosto do ano passado, no auge da primeira onda da COVID-19, quando caiu de 2,25% para o patamar atual de 2%.
Mesmo com a atividade econômica ainda necessitando de estímulos, a elevação das taxas de juros em todo o mundo com o temor de que a retomada econômica gere inflação, vai forçar o Copom a subir os juros. A dúvida é se a alta será de 0,25 ou 0,5 ponto percentual. “É pouco provável que o Copom vá dar um choque na Selic, o que traria capital especulativo. O que está previsto são altas de 0,25 ou 0,5 para levar a taxa de juros a um ponto de equilíbrio”, avalia Luís Barone, sócio-diretor da gestora Galapagos WM. Na tarde de ontem, os contratos futuros de DI para abril eram negociados com taxa de 2,264%, indicando que muito provavelmente a Selic subirá a pelo menos 2,25% ao ano. Mas esse será apenas o início de um movimento que deve levar a taxa básica de juros para cerca de 4% em dezembro – hoje os contratos de DI indicam juros de 3,89% no último mês do ano.
Enquanto no cenário internacional a aprovação do pacote financeiro de US$ 1,9 trilhão do governo Joe Biden ontem na Câmara dos Representantes vai representar aumento da liquidez na economia mundial, com a maior oferta de dólares levando à perda de valor da moeda dos EUA em relação à maioria das moedas, no Brasil o cenário de incertezas pode impedir que o real se valorize com esse movimento. “O aumento da liquidez no mundo vai servir para retomada do crescimento forte nos Estados Unidos e na Ásia, o que pode gerar uma inflação global e levar a uma mudança no patamar de juros”, avalia Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e estrategista do Ouroinvest ao participar do Radar Comex promovido pelo banco na semana passada.
E o aumento dos juros nos Estados Unidos deve levar o capital para a América, com perspectiva de migração também para a Ásia. “Com o aumento da taxa de juros de longo prazo nos EUA, o fluxo de capitais sai de onde há risco para locais mas seguros”, reforça a economista do Ouroinvest, Fernanda Consorte. E acrescenta: “A China volta a receber fluxo de capital e parece ser de novo a queridinha do mundo”. Para não ver todo esse capital, que já vem deixando o país se esvair de vez, o Copom terá que elevar as taxas de juros até um ponto de equilíbrio, que se estima que sejam entre 3,5% e 4%.
Elevar os juros não vai reduzir a inflação e atrair capital estrangeiro da noite para o dia, mas é o movimento que o Copom tem que iniciar para sinalizar aos investidores que está atento, especialmente diante do aumento do déficit fiscal e da maior ingerência do governo nas estatais, que elevam a percepção de risco país, pressionam o dólar e a inflação. A aprovação da PEC emergencial alivia, mas não é o suficiente para tornar o país atrativo ao capital externo. “O Brasil precisa colocar a casa em ordem, com estabilidade econômica, segurança jurídica e ordenamento na questão ambiental, porque se não a percepção externa do Brasil vai piorar e o país terá mas dificuldade para atrair investimento privado e isso torna mais difícil a recuperação”, sintetizou o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, na live do Ourinvest.
Para acelerar
A partir de uma parceria com o grupo Investidores.VC, com mais de 130 investidores-anjo, a Aceleradora Cotidiano lançou terça-feira seu programa de apoio às start-ups o Camp-10, para selecionar empresas inovadoras que serão avaliadas pela saúde financeira da iniciativa, pelo tamanho do mercado e pelo potencial de crescimento. Cada um dos selecionados por receber investimento de até R$ 1 milhão.
Crédito
Por causa da pandemia e apesar da entrada do PIX no mercado, o setor de cartões de crédito e débito deve ter este ano um crescimento de 20%, segundo Pedro Coutinho, presidente da GetNet. Ele lembra que o meio de pagamento movimenta R$ 2 trilhões em meio físico e digital por ano. Detalhe, durante o período de pagamento do auxílio emergencial, no ano passado, o movimento dos cartões cresceu 11%
CAFÉ
171,9 MIlhões de sacas de 60 quilos devem ser produzidas no ano-cafeeiro 2020-2021, segundo o Observatório do Café, da Embrapa