O recado do Banco Central na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic de 3,5% para 4,25% ao ano, foi bastante claro e prontamente interpretado pelo mercado financeiro: os juros podem subir mais do que o 0,75 ponto percentual dos últimos encontros dos diretores da autoridade monetária. Eles deixaram de ver como temporária a pressão inflacionária desde o início da pandemia de COVID-19 e perceberam uma persistência e continuidade nos reajustes de preços, com a perspectiva de acelerar a alta dos juros ou até mesmo optar por um aumento maior no início de agosto, num esforço para conter os aumentos. Para este ano, a previsão do mercado é que o IPCA, que mede a inflação oficial, fique em 5,9%, acima do teto da meta para o ano.
Diante do quadro de aceleração dos preços, o Banco Central decidiu esperar um pouco mais antes de apertar o torniquete dos juros. Mas remédio pouco não combate febre alta. Com 14 milhões de desempregados, renda em queda por causa da pandemia e a perspectiva de falta de energia para suportar um crescimento maior da economia este ano, a alta dos preços é alimentada por repasses internos do aumento das commodities, principalmente alimentos e petróleo, e da alta da energia elétrica por causa da maior seca da história no país. Com não é uma inflação de demanda, o benefício maior da taxa de juros mais alta é sobre o câmbio.
Na terça-feira, quando a ata foi divulgada, o dólar, pela primeira vez desde junho do ano passado, ficou abaixo de R$ 5. Elevação dos juros torna o país mais atrativo ao capital volátil, o que traz mais dólares para o Brasil e pressiona o câmbio para baixo, compensando em parte os aumentos de preços em dólar, como no caso dos combustíveis. Ontem, o dólar seguiu abaixo de R$ 5. Mas, por outro lado, os juros mais altos pressionam o serviço da dívida brasileira e pressionam a frágil situação fiscal do país. É nesse contexto que o Banco Central subirá os juros até o fim do ano, elevando a Selic para 5,25% na próxima reunião e ganhando tempo para observar os preços, podendo elevar a taxa básica de juros gradualmente até o fim do ano chegar a um patamar de 6,5%.
A preocupação do Banco Central, segundo a ata da última reunião, é com aumentos acima do esperado nos bens industriais e a continuidade da crise hídrica, que contribuem para “manter a inflação elevada no curto prazo, apesar da recente apreciação do real”. E a energia vai continuar encarecendo com as medidas de racionamento de energia que o governo deve adotar. “Não vamos ter nenhum tipo de apagão, mas vamos ter que ter um período educativo aí de algum racionamento para não ter nenhum tipo de crise maior", disse o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para pouco depois recuar e falar em “uso eficiente de energia”. Era tarde; o aviso foi dado. Nem mesmo a negativa do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, convence.
A perspectiva é de que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, de onde saem mais de 60% de toda a energia produzida no país, sejam ainda mais afetados com chuvas muito abaixo da média no período de estiagem, que vai de abril a novembro. A elevação da temperatura pode tornar o quadro ainda pior, porque além da baixa vazão com a estiagem, a evaporação joga contra. Esses reservatórios devem fechar o mês com 28,7% de energia armazenada.
Nesse cenário, o governo vai sim ter que adotar medidas de restrição no uso da energia, seja de forma compulsória, seja via encarecimento das tarifas. A segunda opção é a menos traumática é será adotada já nos próximos meses, com a elevação da bandeira vermelha patamar 2 dos atuais R$ 6,24 a cada 100kWh para R$ 7,57, uma alta de 20%. No caso de uma família com consumo na faixa de 400kWh por mês, o adicional tarifário passa de R$ 24,96 para R$ 30,28. Isso sem contar os reajustes das tarifas. A Copel, por exemplo, foi autorizada a elevar as contas de luz em média em 9,89%. Juros e energia vão pesar no bolso.
No campo
Com juros entre 3% e 4,5% ao ano para pequenos produtores rurais da agricultura, de 5,5% para os médios agricultores e 7,5% para os grandes produtores, o Banco do Brasil pretende destinar R$ 135 bilhões para custear a safra agrícola 2021/2022. Esse valor é 17% superior ao destinado pelo banco na safra anterior. Em maio, o BB atingiu a marca de R$ R$ 200 bilhões no volume da carteira de crédito de agronegócios.
Acelerando
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Custódia
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