A euforia com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições de circulação em praticamente todos os cantos do país, que levou investidores a preverem em maio deste ano que o Ibovespa (indíce da Bolsa de Valores de São Paulo-B3) ultrapassaria a marca de 140 mil pontos, rapidamente se dissipou diante de um horizonte que foi se enchendo de incertezas desde então e hoje ainda está bastante turvo, embora nuvens pesadas possam estar se dissipando.
A possibilidade de um acordo para o pagamento dos precatórios em 2022, com a fixação de um limite de R$ 39 bilhões com base no teto de gastos, e o anúncio de acordo para pagamento de uma dívida da gigante chinesa Evergrande deram um refresco ontem.
“Agora, quando finalmente parece que estamos deixando para trás o pesadelo da pandemia, percebemos que outros se avizinham, como os reflexos da eventual quebra da gigante chinesa Evergrande”, lembra o economista Fabio Astrauskas, professor do Insper e CEO da consultoria Siegen.
Com o agravamento da estiagem, a crise hídrica vai tornar os apagões mais frequentes ou empurrar o país para medidas de contenção do consumo, pesando na inflação e levando à alta das taxas de juros, como fez ontem o Copom ao elevar a Selic de 5,25% para 6,25%.
Em tese, a decisão contribui para frear o crescimento econômico. “A elevação não será suficiente para conter a inflação e a fuga de capital estrangeiro”, avalia Astrauskas.
Para o CEO da Siegen, a decisão do Fed “não altera a previsão de que os EUA promoverão a retirada de estímulos e subirão os juros, mais cedo ou mais tarde – ou seja, com essas iniciativas vão diminuir a atratividade de investimentos no Brasil, além de pressionar o câmbio”.
Mas, para o governo, esse pessimismo não procede. Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia reafirma a previsão do governo para o PIB de 5,3% este ano e 2,5% em 2022.
Na nota, a SPE avalia que “o bom carregamento estatístico deste ano, o crescimento do investimento privado, a consolidação fiscal feita pelo governo, taxa de poupança elevada, reformas pró-mercado e retomada do setor de serviços e do mercado de trabalho” vão permitir um crescimento muito acima do previsto pelo mercado no ano que vem.