Há uma gritante divergência entre o otimismo dos discursos do ainda ministro da Economia, Paulo Guedes, mesmo após perder seus principais assessores na guerra entre os que defendem o teto de gastos e os que entendem que o Estado não dever ter limites de despesas para atender aos interesses da população.
E os dados divulgados por áreas diferentes do governo mostram turbulência sobre o antes todo-poderoso “Posto Ipiranga” da economia.
Desmembrado do superministério em julho deste ano, o Ministério do Trabalho e Previdência informou ontem que reviu os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ano passado e que a geração de postos com carteira assinada foi 46,2% menor do que a alardeada em janeiro pelo próprio governo (leia-se Paulo Guedes).
Fora da explicação para inglês ver, os ministros do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e Paulo Guedes estão se enfrentando abertamente dentro do governo.
A revisão dos números do Caged anunciada ontem ocorre cerca de um mês após Lorenzoni e Guedes trocarem farpas publicamente, com Paulo acusando Onyx de gastar mal as verbas da sua pasta e Onyx dizendo que o colega de primeiro escalão está “perturbado”.
Ainda assim, mantém a projeção do PIB em 2,1%, em linha com a previsão do governo, que fala em crescimento econômico acima de 2% no ano que vem.
É essa conjuntura que leva bancos e instituições financeiras a projetarem crescimento econômico abaixo de 1% no próximo ano, sendo que para a Acrefi essa expansão será de 0,4%, enquanto para o Itaú o PIB brasileiro vai cair 0,5% em 2022. Divergências no governo, inflação pressionada por energia, combustíveis e dólar caros e elevação da taxa de juros são os ingredientes da economia no ano que vem.