No ano em que se comemoram os 200 anos da Independência do Brasil, o país está diante de urgências para recuperar parte do passado perdido e conquistar um futuro que represente avanço firme no desenvolvimento econômico. Essa é percepção que ficou do seminário Desenvolvimento Econômico e Sustentável, realizado ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) dentro do ciclo de debates “200 anos de Independência – A indústria e o futuro do Brasil”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No debate sobre os desafios para o Brasil, empresários defenderam prioridade máxima na educação para elevar a produtividade da economia, qualificar a sociedade e diminuir a desigualdade social de um lado e de outro aproveitar a janela da sustentabilidade para liderar o processo de transição energética no mundo e reindustrializar o Brasil.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes, afirmou que “o investimento em educação, que já era uma prioridade, no pós-pandemia se tornou uma emergência nacional” ao lembrar que estudos recentes mostram que, após a pandemia, alunos do 3º ano do ensino médio de escolas públicas tiveram um retrocesso de sete anos no conhecimento acumulado, enquanto nas escolas do Sesi, em São Paulo, esse retrocesso foi de dois anos. Para ele, investimentos prioritários em educação podem permitir ao Brasil recuperar o protagonismo da indústria de transformação, que chegou a representar 25% do Produto Interno Bruto e hoje tem participação de 11% na geração de riqueza do país.
A empresária Luiza Helena Trajano defendeu a união da sociedade civil em torno de quatro pilares: educação, saúde, emprego e habitação. “Nós temos que dizer para o povo qual posição no ranking de educação que nós queremos em 2026 e sem planejamento não vai pra frente”, disse Luiza, que observou ainda que é preciso “trazer o professor para frente do palco” para que a população se envolva e valorize a educação, o que, segundo ela, é a forma de levar governos a investirem na educação. “A única forma de voltarmos a ter uma indústria de transformação pujante, absolutamente indispensável para o país voltar a crescer a taxas elevadas, a única maneira de resolvermos os gravíssimos problemas sociais, precisamos, como sociedade, nos dedicar a educar nossos jovens”, frisou Josué Gomes.
“A questão da educação, para nós na CNI, no Sesi e no Senai, é uma obsessão. Se nós não educarmos o povo brasileiro não tem como fazermos nossas mudanças na política, na economia, no desenvolvimento, na gestão das nossas empresas, no desenvolvimento das startups”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. E a falta dessa formação de qualidade dos jovens acaba sendo um fator limitante para o Brasil aproveitar a oportunidade de liderar o processo de transição energética com a reindustrialização do país. “O Brasil tem amplas possibilidades de liderar o mundo numa economia verde e uma das formas que temos de reindustrializar o país é descarbonizando nossa economia”, disse o presidente da Fiesp ao lembrar que o Brasil já conta com tecnologia na produção de etanol.
O economista Paulo Gala, observou que a descarbonização da economia e as discussões da sustentabilidade são “uma grande oportunidade de negócio e empresarial para o Brasil avançar e se reindustrializar. Fazer a transição energética e avançar na sustentabilidade é uma grande janela de desenvolvimento econômico que se abre”. Ele afirma que o domínio tecnológico na indústria permitirá ao Brasil aproveitar essa janela, lembrando que a Coreia do Sul superou o Japão e avançou com as telas planas, e a China está liderando processo de mobilidade elétrica. “Janela da sustentabilidade é a grande janela que está aberta para o Brasil, que é um dos grandes players mundiais de etanol e biomassa.”
Estimação
R$ 57 bilhões
Foi o faturamento do mercado pet no país no primeiro semestre, segundo o Instituto Pet Brasil. Na pandemia, 54% das pessoas adotaram um pet
Reeleito
A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) reelegeu ontem Luís Eduardo da Costa Carvalho para a presidência no biênio de 2022 a 2024. Sócio da Lecca Financeira e com passagem pela direção dos bancos Mercantil de São Paulo e Boavista, Carvalho conduz a entidade, que junto com a Febraban tem acompanhado as mudanças no trabalho e processos no sistema financeiro.
Tecnologia
O grupo Energisa lançou ontem, na Zona da Mata mineira, o Rio Pomba Valley, projeto voltado para o desenvolvimento de negócios inovadores a partir da realidade local. A intenção da iniciativa é fomentar o surgimento de um hub tecnológico na região. A primeira ação é a abertura de um curso de tecnologia da informação para 40 alunos entre 18 e 49 anos, em parceria com o Sesi nacional, Fiemg e Senai.