Ciente de que o impacto do projeto que limita a cobrança do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis será maior sobre a gasolina do que sobre o óleo diesel, combustível que já tem alíquotas menores e hoje é isento de impostos federais, o governo federal prepara um auxílio no valor de R$ 400 para os caminhoneiros, assim como uma elevação do vale-gás. As medidas estão chegando com atraso e mostram, além da letargia do governo diante dos aumentos elevados em 2021, uma preocupação somente agora, por ser este um ano eleitoral. Mas dificilmente a proposta do governo representará ganho para os caminhoneiros, seja porque o valor permite rodar apenas cerca de 100 quilômetros, seja porque os preços dos fretes não acompanham o aumento dos combustíveis.
A plataforma de transporte rodoviário de cargas Fretebras constatou em um estudo considerando 4 milhões de fretes publicados na plataforma até maio desde ano e comparando o preço do diesel na bomba, de acordo com valores da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que o valor do S500 na bomba subiu 53% em 12 meses, enquanto o frete rodoviário teve aumento médio de 3,79% no país. De abril para maio deste ano, também houve aumento maior do diesel (3,67%), enquanto o frete teve valorização de 0,98%. O estudo revela que, em 12 meses terminados em maio, as regiões Sudeste e Sul foram as que tiveram maior aumento no frete, de 7,2% e 4,1%, respectivamente. Além disso, a maior correção de valor em relação às cargas ocorreu no frete dos produtos industrializados, que subiu 4,17%.
Considerando este mês, os dados da ANP mostram aumento de 57% no valor do diesel desde junho de 2021, contra uma correção de 29,7% no piso do frete geral de carga no Brasil. “É uma situação muito desafiadora, porque o não aumento no diesel pode acarretar em desabastecimento. O aumento imediato na bomba sobe o preço geral do TRC (transporte rodoviário de cargas) e impacta o bolso do consumidor”, observa Bruno Hacad, diretor de operações da Fretebras.
Ele revela que uma enquete feita pela Fretebras com mais de 1.300 motoristas, na sexta-feira (data do anúncio do reajuste de 14,26% no valor do diesel), mostrou que 54,9% disseram estar dispostos a participar de uma greve nos próximos três meses, enquanto outros 44,8% avaliam a possibilidade de deixar a profissão em breve. Nos dois casos, o motivo é o aumento no preço do diesel. A plataforma de contratação de cargas, que conta com mais de 700 mil caminhoneiros cadastrados e 18 mil empresas assinantes, analisa fretes publicados que cobrem 95% do território nacional.
Para Hacad, embora positivas, as medidas do governo vão ter efeito lento no setor. “Apesar de as iniciativas do governo gerarem mudanças positivas neste cenário de diesel muito alto, como o teto do ICMS e a redução do gatilho nos ajustes da tabela de preço mínimo, a verdade é que o principal fator que influencia no valor dos fretes é a lei de oferta e demanda”, observa o diretor da Fretebras. Para ele, os próprios caminhoneiros podem se recusar a viajar por um preço que não represente lucro e, com isso, o valor do frete vai aumentar. Mas se o aumento no valor do frete é uma das opções para equacionar a dificuldade dos caminhoneiros, a alta será repassada para os produtos transportados, alimentando a inflação ao consumidor.
Fibra ótica
O BTG Pactual assumiu a gestão e controle da V.tal, empresa de rede neutra criada a partir do desmembramento dos ativos da Oi, e indicou Amos Genish, ex-Telefônica e ex-Tim, para CEO e presidente-executivo do Conselho de Administração da empresa, que conta com cerca de 400 mil quilômetros de rede neutra de fibra ótica em mais de 2.300 cidades do país
Cooperativismo
Ao completar 34 anos de existência, o Sicoob Central Crediminas registrou pela primeira vez mais transações digitais (52%) do que físicas em 2021. A explicação é o isolamento social da pandemia de coronavírus. No primeiro trimestre deste ano, os ativos totais do Sistema Crediminas representaram 7% de todo o Sistema Nacional de Crédito. O patrimônio líquido chegou a R$ 4,46 bilhões de janeiro a março.
No bolso
R$ 6,3 bilhões é o valor do crédito liberado pela Receita Federal no segundo lote das restituições do Imposto de Renda da Pessoa Física