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BRASIL EM FOCO

Economia brasileira estará pior não importa quem for eleito

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) vem ensaiando um questionamento às eleições em caso de derrota nas urnas para seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antes mesmo de as campanhas eleitorais começarem efetivamente.



Mas independentemente de quem vença a corrida presidencial, o primeiro ano do novo governo será um grande desafio econômico, com gastos e juros elevados, inflação em alta e baixo crescimento econômico. Sem contar os danos que uma recessão nos Estados Unidos e na Europa pode provocar nas exportações brasileiras.

A previsão da Lei Orçamentária é de que o país feche o primeiro ano do governo eleito em 2022 com um rombo de R$ 62 bilhões, mas o pacote de medidas com viés eleitoral adotadas pelo presidente para reforçar sua corrida pela reeleição devem ter um custo de mais de R$ 80 bilhões.

Apenas a PEC Kamikaze na visão do ministro Paulo Guedes, ou PEC das Bondades como passou a ser chamada, o gasto adicional será de R$ 41,2 bilhões, que sem a decretação de emergência, representa estouro do teto de gastos – sem contar a subversão da lei eleitoral. Para analistas, os gastos de agora vão comprometer a economia brasileira no ano que vem, que sofrerá inda os efeitos da continuidade da guerra na Ucrânia e seus efeitos sobre os preços das commodities e do ambiente recessivo no restante do mundo.



Embora o impacto de curto prazo das medidas do governo levem ao registro de deflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a uma elevação do Produto Interno Bruto (PIB) com o aumento de gastos, elas não promovem nenhuma mudança estrutural e terão curta duração.

“A expectativa é que, com o corte de impostos, em julho e agosto a gente tenha o primeiro IPCA negativo desde março de 2020, no auge da pandemia. E tem as PECs do governo que de certa forma vão irrigar a economia com mais capital. Isso traz um efeito benéfico de curto prazo, mas traz também uma ressaca”, afirma o economista Paulo Henrique Duarte, da Valor Investimentos.

“A expectativa é de piora nos dados dos principais para o ano que vem” acrescenta Duarte. A perspectiva é de que neste ano, a inflação, mesmo com o efeito do corte de impostos fique em 7,5%, rompendo a meta inflacionário e gerando um efeito sobre o IPCA em 2023, que o mercado prevê em 5,20%, o que representará, pelo terceiro ano seguido o rompimento do teto da meta para a inflação. Com isso, a perspectiva é de que os juros sigam elevados até o terceiro trimestre do próximo ano. Mais juros, menos crescimento. A previsão é de que o PIB avance 0,5% no ano que vem, contra uma estimativa de 1,75% este ano.





“O fato é que, independentemente de quem for assumir a partir de 1º de janeiro vai pegar uma economia com juros altos, IPCA elevado, câmbio forte e uma situação fiscal pior do que a gente tem hoje. Essa PEC das Bondades ou PEC Kamikaze, chamem com quiser, vai ter um impacto bem negativo na parte fiscal do governo”, reforça Paulo Duarte.

O economista da Valor Investimentos lembra ainda que o cenário global é de menos liquidez, o que vai exigir que o Brasil tenha um maior rigor com os gastos públicos, ou uma elevação maior dos juros para atrair capital para financiar a dívida pública, que deve passar de R$ 6 trilhões neste ano. Os juros mais altos podem conter o dólar, que ontem fechou a R$ 5,461 e dificilmente chegará ao fim do ano abaixo de R$ 5. A previsão do mercado financeiro é que ele chegue a R$ 5,13 no fim do ano.

Pesquisa

37%

Foi o percentual de categorias com data-base em junho que tiveram reajuste salarial acima da inflação, segundo o Dieese.

Inclusão

Startup de tecnologia em soluções para suporte na área de tecnologia da informação (TI) no Brasil, a FindUP destinou R$ 3,1 milhões no ano passado para promover a inclusão de profissionais no mercado de trabalho, conectando 15 mil profissionais de tecnologia com players do mercado de TI. A meta da startup, criada há sete anos, é dobrar esse valor este ano.

Rede neutra

Com investimentos de R$ 30 bilhões até 2025, a V.tal, empresa de rede neutra de fibra óptica fim a fim alcançou este mês a marca de 17 milhões de casas passadas com internet disponível para contratação por provedores de internet e operadoras. Esse número corresponde a 18% dos domicílios (casas e pequenas empresas) existentes no Brasil atualmente.