A indústria automotiva brasileira está negociando com o governo federal as novas bases do Programa Rota 2030 para o período de 2020 a 2030, visando atender ao plano de reindustrialização do país, com redução do Custo Brasil, atração de novos investimentos e aumento das competências locais. A expectativa do setor é que até junho, depois de apresentada a reforma tributária, o acordo do setor com o governo esteja firmado. “O Brasil precisa entrar de forma bastante robusta nessa briga por novos investimentos, por tecnologia, para se manter competitivo e para que consiga ultrapassar a marca de 8º produtor mundial”, afirma o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ao lembrar que o México, 7º produtor mundial, está recebendo investimentos na sua indústria automotiva.
Para defender uma proposta que valorize a engenharia e o desenvolvimento tecnológico brasileiro, o presidente da Anfavea lembra dos veículos flex fuel, desenvolvidos com tecnologia genuinamente brasileira e que estão completando 20 anos de fabricação este mês. Hoje, no Brasil, existem 40 milhões de carros flex, tecnologia presente em 85% da frota nacional de veículos. É a maior frota circulante no mundo com potencial de descarbonização. “Esse parque circulante com tecnologia flex, considerando apenas o abastecimento com etanol equivaleria a 8 milhões de veículos elétricos rodando no país em termos de descarbonização”, destaca Márcio Leite. “Isso permite ao Brasil uma transição mais suave em relação às novas tecnologias quando olhamos a descarbonização”, acrescenta o executivo.
O Brasil implantou a tecnologia flex nos veículos há 20 anos, demonstrando capacidade de desenvolvimento tecnológico num setor dominado por grandes corporações internacionais. E o que o setor pretende agora é, junto com o governo federal, buscar e efetuar novos investimentos não apenas na expansão da capacidade de produção ou ajuste das linhas para novos modelos, mas sim na fabricação de automóveis, em todas as fases. “Que venham outros lançamentos, outros produtos tecnológicos e que o Brasil continue se firmando com um importante player não apenas na montagem de automóveis, mas na fabricação, desde o processo de design, de pesquisa e desenvolvimento e novas tecnologias”, diz Márcio Leite ao celebrar os 20 anos dos carros flex ful, que permitiu ao etanol a inserção em cerca de 30% nas bombas de abastecimento do país.
Com isso, o Brasil não necessitará substituir toda a sua frota por carros elétricos para cumprir as metas de descarbonização em um horizonte de sete anos. Ao contrário de países europeus, o Brasil precisará de ter 12% de sua frota automotiva eletrificada até 2030, segundo o presidente da Anfavea. Na Europa, a meta é 50% até 2030. Apenas um ano depois, a Europa terá de chegar a 100% de veículos eletrificados, enquanto o Brasil necessitará de ter 32% da frota eletrificada.
Márcio Leite lembra que a Anfavea é neutra em termos de tecnologia e que a produção de veículos elétricos no Brasil já é uma realidade, por exemplo, no caso de ônibus, sendo que algumas montadoras já anunciaram para os próximos dois anos o início da fabricação de automóveis elétricos no Brasil. Hoje, os carros elétricos que entram no Brasil são totalmente importados e respondem por apenas 0,4% do mercado automotivo, com um volume anual de 8.400 unidades.
Contrabando
R$ 410 bilhões
É o valor do prejuízo que o Brasil registrou com a entrada ilegal de produtos no país. A indústria perde R$ 208 bilhões e o governo, R$ 129,2 bilhões
Fábrica delas
Uma fábrica que opera só com mulheres, da manufatura à gestão. Funciona assim a unidade industrial da Novvalight, fabricante de luminárias, em Itapeva, no Sul de Minas. “É possível notar a evolução de cada uma delas e a superação de todos os obstáculos. Somos detalhistas, organizadas e analíticas”, diz a RH e supervisora administrativa da empresa, Cristina Santos.
Capitalização
Com crescimento de 18,09% no ano passado, a venda de títulos de capitalização ultrapassou a marca de R$ 2,6 bilhões em Minas. A expansão no estado superou os 16,9% de alta nas vendas no país em 2022. “Estamos falando de um mercado aquecido, focado em atender antigos e novos consumidores com investimentos vindos, principalmente, do mercado digital”, diz Denis Morais, presidente da FenaCap.