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Bra$il em foco

Crédito desacelera e acende alerta para risco de insolvência das empresas

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O Brasil ainda não enfrenta uma crise de crédito, mas a combinação de inflação elevada, forte aperto monetária com taxas de juros nominais elevadas e a maior taxa real do mundo, fim dos incentivos de antecipação de 13º salário e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) vigentes no período eleitoral e a falta de visibilidade na política econômica já se refletem na redução da oferta e demanda por empréstimos no Brasil. O relatório “Estatísticas Monetárias e de Crédito” em fevereiro, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra essa retração de oferta de crédito de forma mais acentuada nos empréstimos para as empresas, refletindo também a crise da Americanas, que tornou os bancos mais seletivos nos empréstimos para pessoa jurídica.



O relatório mostra que no mês passado o volume de crédito com recursos livres para empresas totalizou R$ 1,3 trilhão, com queda de 1,2% em relação a janeiro. Para esse tombo contribuíram a queda de 7,7% nas carteiras de descontos de duplicas, de 5,5% na antecipação de faturas de cartão de crédito e de 1,3% no capital de giro. Para as famílias, o volume de crédito com recursos livres chegou a R$ 1,8 trilhão, mostrando estabilidade. Mas o detalhamento mostra que a procura por crédito cresceu mais no cartão de crédito rotativo, com alta de 4,6%. O crédito consignado para trabalhadores do setor público teve alta de 1%, mesmo percentual de aumento no consignado para pensionistas do INSS. Já o crédito à vista tem queda de 3,6%.

“É muito claro que o endividamento das famílias, de 48,8% em janeiro e o comprometimento da renda de 27,1% já bateu em níveis muito altos e nós temos um movimento de contração de crédito importante”, avalia o economista Nicola Tingas, consultor econômico da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “As estatísticas de crédito do BC em fevereiro mostram claramente que o ciclo da queda da oferta e da demanda de crédito se acentuou, mantendo trajetória mais acentuada de queda em particular nas pessoas jurídicas”, acrescenta Tingas.

Mesmo em relação ao crédito ampliado ao setor não financeiro, cujo saldo em fevereiro somou R$ 14,9 trilhões em fevereiro, com crescimento de 0,9%, a alta se dá por causa da alta dos títulos da dívida pública, 1,4%, e dos empréstimos externos de 2,3%. Este último impactado pela depreciação cambial de 2,1%. Isso significa que a expansão do crédito ocorre nos títulos da dívida pública, impactada pela alta dos juros, e na tomada de recursos no exterior, normalmente relacionadas a operações de exportação e importação. Influencia também na expansão o volume de recursos do Sistema Financeiro Nacional (SFN).



Para os economistas do Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc, hoding do Banco MUFG do Brasil, o mercado de crédito “pode desacelerar ainda mais durante todo este ano, uma vez que as condições apertadas de crédito podem continuar”. Para o MUFG, mesmo com uma esperada redução da taxa de jutos no segundo semestre, a atividade econômica fraca esperada para o ano inteiro tende a enfraquecer o mercado de trabalho. “Esse cenário junto com o alto endividamento das famílias tende a manter as condições de crédito mais restritivas, com altas taxas de empréstimo e menor concessão de crédito”, diz o relatório do grupo financeiro. O positivo seria o enfraquecimento da atividade econômica contribuir para a desaceleração das taxas de inflação.

Nicola Tingas alerta, no entanto, que o desaquecimento da economia gera o risco de uma quebradeira empresarial no Brasil. “A crise das Lojas Americanas e o maior número de pedidos de recuperação judicial, que tem levado ao aumento da seletividade no crédito e ao estrangulamento do fluxo de caixa de algumas empresas, tornam crescente o risco de insolvência”, disse o economista da Acrefi. “Isso fica claro, essa preocupação com o ritmo do crédito, na ata do Copom, em que em vários trechos o Banco Central valorizam essa questão do crédito”, destaca o economista.


Aperto
1,6%

Foi a queda na demanda dos consumidores por crédito em fevereiro, segundo dados da Boa Vista que confirmam a desaceleração


Monitorado

Com um volume de bens recuperados que supera os R$ 710 milhões, a Ituran, empresa global de monitoramento veicular e telemetria projeta crescimento neste e no próximo ano nas operações no Brasil. “Devemos fechar 2023 com crescimento de até 30% de faturamento no país”, destaca o CEO da Ituran Brasil, Amit Louzon. Para 2024 a projeção é alta de mais 20%. No mundo, o faturamento chegou a US$ 293,1 milhões.


Centenária

Aos 117 anos, a Aráujo, maior rede de drogarias de Minas esbanja vigor. No ano passado o faturamento chegou a R$ 3 bilhões, com expansão de 20% sobre 2021. As vendas da rede devem crescer mais 20% este ano. Com 300 lojas em 50 municípios projeta inaugurar outras 50 lojas e expandir as operações para 11 novos municípios e abertura de 925 postos de trabalho. Com 10 mil trabalhadores, a rede atende a 5 milhões de clientes por mês.