Os indicadores que mostram forte desaceleração dos índices de preços em maio, mostram a convergência para dentro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) já no acumulado de 12 meses e são mais um dos fatores que levaram bancos e economistas a elevar as previsões de crescimento econômico este ano. Embora a desaceleração dos preços aponte para redução do consumo e consequentemente da atividade econômica agora, as condições que são colocadas no horizonte de médio prazo apontam para um avanço do PIB muito acima dos 0,8% de crescimento previsto pelo Boletim Focus em janeiro deste ano. Principalmente depois de o IBGE divulgar a expansão de 1,9% do PIB no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre. Agora, as previsões vão de pouco mais de 1,5%, como no Boletim Focus da última semana que apontou projeção de alta de 1,68% para o PIB deste ano a até taxas próximas de 2,5%.
Em relatório distribuído para os integrantes da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o economista Nicola Tingas, consultor econômico da associação, elenca os fatores que pode fazer o crescimento da economia este ano até ultrapassar os 2,5%. Para ele, a aprovação do novo “marco fiscal”, pelo Senado, a amplitude da queda da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o início da redução das taxas de juros e adoção de estímulos do governo para aquecer a demanda, podem levar a economia brasileira a um crescimento maior este ano.
“O elevadíssimo desempenho do setor agrícola no 1º trimestre 2023 de 21,6%, agregou enorme valor ao PIB anual. Se nos próximos três trimestres o desempenho for próximo de “zero”, o PIB 2023 será maior que 2%(efeito “carregamento estatístico”). Se houver continuidade de desaceleração em vários setores, esse resultadopoderá ser menor. Contudo, se houver crescimento, probabilidade atual é de PIB 2023 entre 2% e 2,5%,podendo ser maior que isso”, diz o economista no relatório. “O que a gente tem visto é uma previsão de alta da estimativas do PIB brasileiro em 2023 de forma generalizada, tanto pela OCDE, ou seja, a visão externa, quanto de instituições financeiras brasileiras”, reforça o economista Paulo Duarte da Valor Investimento.
A OCDE elevou a projeção para o PIB Brasilleiro este ano de 1% para 1,7%, enquanto a XP elevou suas projeções para um patamar entre 2% e 2,5%. “Após a divulgação do PIB nós revisamos nossa expectativa e acreditamos que a economia brasileira pode vir a crescer 2,28% em 2023”, revela Lucas Carvalho, analista chefe da Toro Investimentos. “A percepção por parte dos agentes econômicos de arrefecimento da inflação com queda de juros, isso tem um efeito importante na demanda agregada.Pode ser que esse cenário de menor inflação e taxa de juros menor possa contribuir para o setor varejista, lembrando da importância do setor terciário na nossa economia. E a gente tendo um aqueciimento ali no fim do ano tem um fortalecimento mais vendas com impacto no PIB”, avalia Carvalho. Ele lembra ainda que a antecipação do 13º dos beneficiários do INSS é um estimulo ao consumo das famílias.
Com a inflação desacelerando e ficando abaixo de 4% no acumulado de 12 meses, o que não ocorria desde outubro de 2020 e sem pressão altista de preços, a tendência é que ele fecha perto de zero em junho, confirmando as condições para que a partir de agosto o Banco Central inicie os cortes na taxa Selic, hoje em 13,75%, o que torna o país líder no ranking mundial de taxas reais de juros. O cenário indica que o Brasil está ingressando em um ciclo de crescimento econômico mais vigoroso, mas ainda abaixo do nosso potencial. “E um PIB bom, abaixo do nosso potencial , mas abaixo da média do que o mundo vem crescendo também”, diz Paulo Duarte ao lembrar que as projeção para a alta do PIB mundial este ano estão entre 2.5% e 3%.
Saques
R$ 47,2 bilhões
Foi quanto os investidores retiraram dos fundos de investimentos em maio, segundo dados da Anbima.
A vez delas
Foi-se o tempo que o setor siderúrgico não era lugar para mulheres. Gerdau e AcelorMittal estão com programas para ampliar a presença delas nos cargos de liderança. Na Gerdau, as mulheres ocupam 27% das posições de liderança e a meta é chegar a 30% até 2025. Na Acelor são 64 mulheres em cargos de liderança, o que corresponde a 21% do total. A meta é chegar a 25% dos cargos ocupados por colaboradoras até 2025.
Juros subindo
Pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead) mostra que as taxas de juros cobradas das pessoas físicas continuam subindo com a taxa média de todas as operações registrando alta de 0,67%em maio. Já a taxa média cobrada nas operações com pessoas jurídicas teve queda de 7,88% no mês passado, segundo informou o economista Diogo Santos, da Fundação Ipead.