A decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA) de interromper o ciclo de altas e manter a taxa de juros entre 5% e 5,25% depois de 10 altas consecutivas, embora preveja novos aumentos até o fim do ano, ocorre para que o órgão possa avaliar “informações adicionais e suas implicações para a política monetária”. O recado é simples, mesmo que esteja atento à meta da inflação, o Fed equilibra o combate à alta de preços com o impacto da atividade econômica, que, segundo ressaltou, “segue crescendo em ritmo modesto”. A autoridade monetária dos Estados Unidos reconhece ainda que “condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação”.
Como a extensão dos efeitos ainda é incerta depois de elevação da taxa de juros desde pouco mais de um ano, o Fed preferiu esperar para ver o quanto esse movimento teve eficácia sobre os preços e quanto pesou sobre a atividade econômica. Esse movimento, associado à elevação da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poors (S&P) de estável para positiva depois de quatro anos mantendo a nota em BB- estável. A decisão, segundo a agência se deve à melhora das condições econômicas do país, em função do arcabouço fiscal e à política monetária, sugerindo que a estabilidade das contas públicas abre espaço para redução das taxas de juros.
Dados internos que mostram desaquecimento do setor de serviços e do comércio no segundo trimestre depois de índices confirmarem queda acentuada da inflação, são a chave para o Banco Central iniciar a redução da taxa de juros já na próxima reunião, ainda que seja necessário interromper a queda por um período e retomá-la antes do fim do ano. Uma queda de 13,75% para 13,50% ao ano não será suficiente para alterar o combate à inflação, mas servirá de sinalização para a economia como um todo que a autoridade monetária está atenta também ao impacto dos juros sobre a atividade econômica.
E o desaquecimento ficará mais evidente no curto prazo. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o volume de serviços em abril teve redução de 1,6% em relação a março, enquanto a receita do setor recuou 0,4% em igual comparação. O setor registrou queda em quatro das cinco atividades pesquisadas, com destaque para o setor de transportes, que caiu 4,4% influenciado pela diminuição do período de colheita da safra de grãos, principalmente da soja. No comércio, abril foi marcado pela estabilidade com 0,1% em relação a março no volume de vendas e queda de 0,2% na receita nominal.
Lembrando que o setor de serviços responde por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), a queda em abril deve impactar a geração de riqueza, enquanto a previsão para a inflação de junho é de uma taxa próxima a zero. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já vê condições para a redução dos juros “lá na frente”.
Mas pode ser que lá na frente, como sugeriu a empresária Luiza Trajano, seja tarde para muitas empresas. “Vai ter muita gente quebrada até lá!”, disse Luiza em encontro do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), na terça-feira. E ela não chega a pedir corte dos juros, mas apenas uma sinalização. “Sem um sinal, não vamos aguentar, quantas lojas aqui já foram fechadas? Queria te pedir, em nome dos brasileiros, para dar um sinal – e não é de 0,25 ponto, precisamos de mais”, defendeu a empresária. Para não frustrar as expectativas do mercado financeiro, o BC deve manter a taxa em 13,75% ao ano na próxima semana. Mas sem apontar para o início dos cortes na taxa no comunicado da sua reunião, o Copom frustrará toda a sociedade brasileira.
Em alta
Um movimento de R$ 210 milhões entre 7 e 10 de junho foi resultado da Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite), considerada a maior exposição de pecuária leiteira da América Latina. Com a participação de cerca de 100 empresas, o evento no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, recebeu 150 estrangeiros. Paralelamente foi realizado o Festival do Queijo Artesanal de Minas, com 300 tipos da iguaria.
Em queda
As vendas do varejo caíram em maio, mesmo com o Dia das Mães, melhor data de vendas depois do Natal. O Índice Stone Varejo registrou queda de 7,8% em maio com relação ao mesmo mês do ano passado, como reflexo da redução do poder de compra das famílias. O levantamento tem como base a metodologia proposta pelo time de Consumer Finance do Federal Reserve Board (FED). O objetivo é mapear os dados de pequenos a grandes varejistas.
venda de café
US$ 8,29 bi
É o valor das exportações de café entre junho de 2022 e maio de 2023, com o volume chegando a 36,16 milhões de sacas de 60kg, segundo o Observatório do Café.