O quadro de desigualdade social existente no Brasil fica espelhado em praticamente todas as áreas, mas o país vive hoje um paradoxo que é recente mas pode comprometer o potencial de crescimento além de deixar à margem das novas tecnologias uma legião de brasileiros, sem que o país consiga amplitude na inclusão digital. Números apresentados este mês no Painel Telebrasil Summit 2023, que reuniu representantes das operadoras, de fornecedores de equipamentos e órgãos do governo, em Brasília, expôs as diferenças gritantes de um lado e com muitas oportunidades de outro. O setor de telecomunicações viveu uma das mais profundas transformações desde a privatização em 1998. Em duas décadas e meia as empresas investiram R$ 1 trilhão, segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), com a geração de 2 milhões de empregos.
Um ano após a implantação da rede 5G, em junho do ano passado, a tecnologia já está em 180 cidades, com as operadoras atendendo todas as capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes, se antecipando ao prazo de cobertura desses municípios, que é em julho de 2025. E paradoxalmente, o maior desafio das operadoras não é o prazo legal para a ampliação da cobertura 5G, mas sim a falta de legislação adequada à Lei Geral das Antenas. Isso porque na maioria das cidades as leis aprovadas no passado são inadequadas para a infraestrutura da rede 5G, que tem uma necessidade de 5 a 10 vezes mais antenas do que a rede anterior.
“Conclamamos os prefeitos a priorizar a atualização das legislação das antenas para que as operadoras possam levar o 5G para mais pessoas”, disse o presidente da Telebrasil, José Félix, que no última dia 13 passou o cargo para Christian Gebara, presidente da Vivo, que agora responde também pelo comando da Telebrasil, que reúne cerca de 60 organizações do setor. Também para Gebara é necessário que as cidades priorizem a atualização da legislação referente às antenas. Para se ter idéia do problema, um levantamento realizado pela Conexis Brasil Digital, mostrou que na região Sudeste, a mais desenvolvida do Brasil, há um grande número de municípios que ainda não contam com leis ajustadas à Lei Geral das Antenas, de abril de 2015.
O percentual de cidades com leis adequadas para a implantação do 5G, em junho deste ano era de 43% no Rio de Janeiro, 28% no Espírito Santo, 17% em São Paulo e apenas 3% em Minas Gerais, onde municípios como Betim, Contagem, Sete Lagoas, que já poderiam contar com o 5G ainda não possuem legislação que permita o início dos serviços de forma plena. Hoje, 1.700 cidades de todo o país têm autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no entanto, a rede foi levada até agora a 180 municípios. E isso com as operadoras se antecipando em relação às obrigações legais.
Outros números apresentados por Gebara mostram que o Brasil tem a quinta população mais conectada do mundo, com 71% plugados em alguma rede social, contra 59% da média global. O brasileiro gasta 9 horas por dia na internet, sendo que em quatro delas acessa streaming de vídeos e em outras três se conecta a alguma rede social. Além disso, 50% são usuários de banco digital, contra 33% na Inglaterra, mas, por outro lado, 40% dos alunos das escolas públicas brasileiras não têm computador ou tablet em casa, enquanto 94% das escolas norte-americanas fornecem esses equipamentos aos estudantes que necessitam.
“O Brasil vive um paradoxo digital. O brasileiro está entre os maiores usuários de redes sociais e serviços de streaming, mas está longe de desfrutar plenamente dos benefícios dessa inclusão, como telemedicina, ensino à distância ou serviços públicos on-line”, pontuou Gebara no discurso de posse na Telebrasil, entidade que ele preside até o fim de 2024. Outro tema que preocupa o setor diz respeito à sustentabilidade das redes de transmissão de dados.
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Na Região Sudeste, pelo menos 91% são contra a possibilidade de um imposto seletivo sobre alimentos e bebidas na reforma tributária, segundo dados de uma pesquisa de opinião encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) e realizada pelo Instituto de Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI). O percentual é o mais alto entre todas as regiões. No Sudeste, 82% consideram a carga tributária como alta ou muito alta.
Na esteira do aumento de venda de veículos com incentivos do governo em julho, o mercado de seguros de automóveis cresceu 9,09% em agosto na comparação com igual mês do ano passado. O indicador mede mês a mês o comportamento e o volume de consultas na plataforma Neurotech, de soluções de inteligência artificial para seguros e crédito. Os estados do Rio Grande do Sul (10.78%) e de Minas (10,63%) lideraram o aumento das vendas.