Jornal Estado de Minas

BRA$IL EM FOCO

Importação da China volta a preocupar indústrias

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A indústria brasileira voltou a conviver de forma mais intensa com um velho fantasma, a invasão de produtos chineses a preços mais baixos no mercado nacional. As indústrias têxtil e siderúrgica sempre enfrentaram a concorrência da indústria chinesa, mas neste ano houve um aumento significativo na participação dos importados nos dois setores, que reivindicam medidas de proteção às fábricas brasileiras. Com a economia chinesa crescendo menos, a indústria do país asiático aumenta as exportações, principalmente para países onde não há restrição e onde seus produtos são mais competitivos. “A grande preocupação do setor siderúrgico hoje é o grande avanço do aço chinês no mercado interno”, disse ontem o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck.





A entrada de aço chinês no mercado brasileiro chega a um volume que equivale a 29% da produção nacional, estimada para este ano em 32,385 milhões de toneladas de aço bruto. “Nós temos duas plantas paradas, no Ceará e no interior de São Paulo, porque não tem condições de competir”, diz o executivo que ontem reuniu analistas de mercado, fornecedores e clientes no “Gerdau Stakeholder Day 2023”, evento que pela primeira vez em 20 anos foi realizado em Belo Horizonte e reuniu cerca de 140 pessoas. “Somos mineiros de coração”, diz Werneck ao lembrar que o estado representa 60% da produção do grupo siderúrgico.

“Esse é um problema que sempre existiu, mas que se intensificou nos últimos meses”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, que é empresário do setor têxtil. As fábricas e confecções enfrentam a concorrência dos produtos chineses há vários anos, com as importações crescendo sempre a taxas acima de dois dígitos ao ano. Sobre a taxação para produtos acima de US$ 50 importados da China, o que equivale hoje a pouco mais de R$ 250. “Quase tudo que vem da China fica abaixo deste valor”, observa Roscoe.

Um estudo feito pela Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg com dados do próprio governo federal mostram o impacto das importações de baixo valor, que quase sempre são de itens eletrônicos, de moda e de construção (automação e segurança). De 2021 para 2022, as importações de baixo valor saltaram de US$ 5,7 bilhões para US$ 13,1 bilhões, com avanço de 132%.





De janeiro a agosto deste ano, essas importações chegaram a US$ 3,3 bilhões, segundo estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que analisou a importação de mais de 10 mil tipos de bens de consumo com valor individual de até US$ 50. A maioria tem origem na China. A estimativa do estudo da Fiemg é de que o fim da isenção para importação de baixo valor poderia gerar um adicional de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões, ou até R$ 40,32 bilhões, pela cotação de ontem.

O setor siderúrgico está negociando com o governo federal uma medida para proteger o setor, que não descarta realizar demissões. “Nosso pleito é que o governo adote alguma medida. O México anunciou recentemente a adoção de 25% de tarifa sobre o aço importado da China” reforça Werneck. Mesmo com o aumento das importações de aço da China e da previsão de queda de 4% na produção siderúrgica no Brasil, o presidente da Gerdau afirma que não haverá revisão dos investimentos programados para os próximos anos.

Dia das crianças


R$ 16,1 bilhões É o valor que as vendas do compras no comércio e nos serviços, segundo pesquisa encomendada pela Abecs, que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento.





Mais crédito

Estudo realizado pela Simplic, fintech de crédito pessoal, o Sudeste liderou os pedidos de empréstimo nos primeiros seis meses deste ano em todo o país. A região concentrou 57% dos pedidos, seguida pelas regiões Nordeste (16%) e Sul (14%). Embora mantenha a liderança, o Sudeste viu sua participação recuar três pontos percentuais em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Cenários

 
Mais de 500 representantes de médias empresas participaram essa semana do Fórum de Médias Empresas da Fundação Dom Cabral, em Nova Lima. No evento, realizado na segunda e terça-feira, o ex-presidente do New Development Bank (NDB) Marcis Troyo falou sobre fatores como um mundo mais rápido, o aumento populacional e o crescimento econômico para apresentar as tendências do ambiente econômico.