No embalo das ondas nervosas que têm movimentado o comércio internacional, com a guerra travada entre os Estados Unidos e a China, os mercados do Vietnã e alguns destinos novos nas Américas é que despontam no esforço redobrado de empresas de Minas Gerais, a exemplo da Pif Paf Alimentos e da Forno de Minas, para expandir sua presença em outras fronteiras. APif Paf, uma das maiores indústrias brasileiras de processamento de aves e suínos, está na etapa final de habilitação para aumentar os volumes de cortes de frango embarcados ao país da Ásia.
Há pelo menos 12 anos, a companhia mineira, que produz cerca de 22 mil toneladas por mês de carnes processadas, embutidos e massas, comercializa 2 mil toneladas por ano no Vietnã. A preferência do parceiro comercial são pés e asas, com origem na unidade fabril de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira. A companhia participa de processos para acesso também ao mercado chinês.
Édson Cavalcante, gerente de comércio exterior da Pif Paf, é enfático ao falar da importância de participar do consumo asiático, tanto assim que a empresa vende 15 mil toneladas por ano a clientes no Japão, Cingapura e Hong Kong, além do Vietnã. “Com o recente surto de peste suína, que dizimou parte dos rebanhos asiáticos, há uma demanda latente desses países em busca de proteína brasileira”, afirma Cavalcante.
De fato, o governo vietnamita admitiu em meados de maio último ter sacrificado mais de 1,2 milhão de porcos infectados com peste suína africana, enquanto o vírus se espalha pelo Sudeste da Ásia. Com 95 milhões de habitantes, o Vietnã concentra na carne de porco três quartos de todo o seu consumo da proteína. A maioria do rebanho suíno local, de 30 milhões de animais, é criada em ambiente doméstico.
Os números explicam a oportunidade aberta por uma tragédia ao Brasil e que encheram os olhos da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, durante viagem oficial de 16 dias, em maio e junho, à Ásia. À época, ela comemorou o interesse do Vietnã de importar gado em pé, frutas, soja e milho. Como nem tudo são flores, o governo vietnamita adiou, sem definir nova data, missão técnica que deveria ter chegado ao Brasil na segunda-feira, como parte das negociações para incrementar as exportações brasileiras ao país.
O governo de Minas também buscou estreitar relações com o Vietnã durante encontro do embaixador Do Ba Khoa, em 30 de julho, com os secretários estaduais de Desenvolvimento Econômico, Vitor de Mendonça; de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini; e de Cultura e Turismo, Marcelo Matte. As chances de a produção mineira fincar bandeira no mercado vietnamita estariam nos setores de tecnologia farmacêutica, comércio, agricultura, turismo e cultura.
É também na Ásia que a Forno de Minas trabalha para fincar os pés, agora que o pão de queijo da marca desembarcou no varejo chinês. A empresa, que é a maior fabricante da iguaria mineira, oferta salgados e massas frescas congeladas, negociou embarques ao mercado do chamado food service (aquele das refeições, lanches e bebidas fora de casa), investindo na divulgação do produto para alcançar as prateleiras das prósperas redes locais de cafeteria e padarias.
A estratégia mais imediata de exportações da companhia tem como alvo a América Latina. Neste mês, a Forno de Minas embarcou 14 toneladas de alimentos para a Argentina e outras 16 toneladas foram destinadas ao México. A marca está também em processo de registro para ingresso no Equador e no Caribe. Os primeiros embarques para esses destinos devem ser feitos em dezembro.
Made in Minas 1.500 É o volume das exportações anuais da Forno de Minas a 18 países, sendo 97% de pão de queijo
Troca comercial
A balança de comércio de Minas com o Vietnã tem apresentado saldo positivo, que, no ano passado, alcançou US$ 150,8 milhões. A quantia foi resultado de exportações de US$ 167,6 milhões e importações de US$ 16,8 milhões. Minas ocupa o quarto lugar no ranking de estados que mais exportam ao Vietnã, embarcando principalmente minério
de ferro, milho e farelo de soja.
Selo Arte
Minas deverá ser o primeiro estado a entregar o Selo Arte, novo distintivo criado por lei federal a produtores de queijos artesanais. A entrega será feita a 13 produtores de queijo minas artesanal (QMA) de diferentes regiões durante o Concurso Mundial do Queijo do Brasil, que começou ontem em Araxá, no Alto Paranaíba. O selo permitirá a comercialização de produtos artesanais de origem animal em outros estados.