Jornal Estado de Minas

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Produtores de azeite extravirgem mineiro preparam lançamentos e são premiados

Dos promissores olivais das serras da Mantiqueira e do Cipó, pode chegar a uma dezena, nos próximos sete meses, o número de novas marcas de azeite que vão desembarcar num mercado de consumo, hoje, capaz de reconhecer a qualidade e a pureza do produto mineiro.

A nova safra é o resultado do esforço e da dedicação de produtores que preparam lançamentos de Maria da Fé, Aiuruoca e Itanhandu, no Sul do estado; Barbacena, Nova União, Itabira e Itabirito, na porção Central de Minas, entre outras cidades. Esses rótulos vão se juntar a cerca de 30 marcas mineiras.

 

A área plantada dessa cultura jovem no estado, que produziu o seu primeiro azeite há 11 anos, deve confirmar, e, quem sabe, superar a taxa de crescimento de 10% em 2019, período não só de expansão da atividade, como de decisões importantes para os investimentos no setor.

As oliveiras, que ocupam cerca de 2 mil hectares em terras mineiras, entraram na etapa de floração e só em dois meses o potencial da produção neste ano poderá ser avaliado, segundo Nilton Caetano de Oliveira, presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive).

 

Perspectiva é o que não falta a aproximadamente 200 produtores responsáveis por 910 mil plantas em solo mineiro do universo de 1,3 milhão de oliveiras no Sudeste.

“É uma atividade em consolidação no estado. Grande parte dos plantios são novos e vão entrando aos poucos em produção”, diz Nilton Caetano. Há 30 dias, o presidente e representantes da Assoolive se reuniram com o governo de Minas para tentar negociar uma forma de tributação diferenciada do azeite mineiro.

 

“A receptividade tem sido boa. Queremos que o novo governo entenda a necessidade de fomentar a atividade.

Hoje fica mais barato fornecer azeites para outros estados, como São Paulo”, reclama Nilton Caetano. Os produtores lutam por um decreto que reduza o ICMS incidente nas vendas dentro do estado de 18% para 3% e estabeleça alíquota de 7% nas operações para fora de Minas.

 

Um dos argumentos para sustentar o pleito do benefício se ampara no custo mais alto da lavoura, em Minas, associado à topografia e ao clima. Frente aos concorrentes do Rio Grande do Sul, a Assoolive estima gastos maiores com trato da plantação mineira de 20% a 25%. A diferença está nas áreas íngremes das Gerais, a altitudes que vão de 1 mil a 1,5 mil metros, num ambiente de muita umidade e, que, portanto, favorece a ação de fungos.

 

Para fortalecer a batalha pelo mercado de consumo, outra boa notícia é que está em fase de criação uma câmara setorial formada por produtores e profissionais da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). São Paulo e Rio Grande do Sul já dispõem desse mecanismo de organização dos produtores e defesa da produção e do investimento privado.

 

Este ano também promete trazer avanços ao trabalho que envolve o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de criar um selo de identificação geográfica do azeite. A Assoolive  vem se adequando com uma série de procedimentos para caracterizar a indicação geográfica do produto dos seus associados, e tem duas marcas já registradas que, a depender do volume da matéria-prima disponível, talvez possam ser comercializadas a partir de abril do próximo ano.

 

O bom desempenho dos azeites, num mercado de consumo disposto a pagar pela qualidade, tendo em vista que os produtores estão longe de poder concorrer em volumes, e a adesão dos chefs de cozinha ao produto tipicamente mineiro e brasileiro, aproximam o azeite de iguarias tradicionais mineiras que ganharam fama, como o queijo minas artesanal e os cafés especiais. A garrafa de 250ml do azeite extravirgem tem sido encontrada por preços variando entre R$ 40 e R$ 50.

Os azeites de oliva extravirgem produzidos na Serra da Mantiqueira também têm obtido reconhecimento em premiações nacionais e internacionais.

 

(*) A coluna terá um período de interrupção até a primeira semana de setembro, por motivo de férias

 

R$ 9,2 bilhões

Foi a receita das exportações brasileiras do agronegócio em julho, com queda de 3,4% frente a julho do ano passado, enquanto as importações somaram US$ 1,17 bilhão

 

Condecorados

O azeite Irarema, produzido na fazenda de mesmo nome em Poços de Caldas e São Sebastião da Grama (SP), conquistou em 2018 o prêmio de melhor blend no Concurso Mundial de Azeite realizado em Nova York. Neste ano, o blend das cultivares koroneiki, arbequina, arbosana e grapollo foi destacado com a medalha de ouro no mesmo concurso. Outros sete azeites brasileiros, incluindo o mineiro Casa Mantiva, com origem no 

município de Consolação, no Sul do estado, foram premiados com ouro em Nova York.

 

Do queijo e do azeite

Terra do queijo, a Serra da Canastra também está sendo testada pelos produtores de azeite, em experimento instalado pela Assoolive, mas a produção só é esperada dentro de quatro anos.Em maio passado, foi a vez de o azeite arbequina da marca Prado e Vazquez ser escolhido como Melhor Azeite Frutado Ligeiro do hemisfério sul e o grapollo, da mesma empresa, recebeu menção honrosa na Expoliva 2019 em Jaén, na Espanha. O fabricante usa azeitonas cultivadas na Fazenda Cauê, de Alagoa, no Sul de Minas.

 

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