Dupla frequente na refeição em Minas Gerais e no Brasil, arroz e feijão não só apertaram o orçamento neste ano, como têm surpreendido a dona de casa, que precisa esticar o dinheiro da família em tempos duríssimos para o emprego e a renda do brasileiro. O feijão Carioca parece ter entrado numa corrida sem freios e carente de explicação lógica para o consumidor, com reajuste de preços de 22,04% de janeiro a agosto na Grande Belo Horizonte, segundo o IBGE. A inflação medida nesses oito meses pelo IPCA foi de 2,67%.
Afinal, o nobre ingrediente encareceu mais de oito vezes acima do custo de vida e nem pense em inovar na cozinha com um feijão tropeiro. Acompanhamentos da receita típica mineira também se descolaram da média dos preços na região metropolitana da capital mineira. Os ovos, medidos num mesmo grupo de despesa com as aves pelo IBGE, encareceram 4,45%, quer dizer, mais de uma vez e meia a inflação.
A farinha colaborou com as famílias, ante remarcação média de preços de 2,48%, e a couve barateou 1,89% de janeiro a agosto, mas é bom não se animar porque pode ter sido um alívio momentâneo. O gasto com farinhas, féculas e massas ficou 8,45% maior nos últimos 12 meses até agosto, ao passo que a inflação avançou 3,29%. Movimento de alta, da mesma forma, mostrou a couve, que ficou 3,45% mais cara nessa base de comparação.
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Crise do petróleo e gasolina mais cara abrem caminho para o etanolIndústria láctea cresce com novos projetos da Porto Alegre, Nestlé e ItambéFicou na promessa a expansão dos parques aquícolas Uma nova inflação, dos apps e do pão de queijo Noel prepara a viagem aos supermercados com as novidades em que a indústria investe“O quadro de oferta cada vez mais enxuto deverá continuar dando sustentação às cotações”, diz Ruas, embora observando que a cultura sofre do mal do imprevisível. “São três safras no ano e uma colheita muito influenciada pelo clima.” O cenário indica sinais nada promissores para o consumidor.
Os preços nas prateleiras superam, na média, os R$ 5 pelo quilo do feijão Carioquinha tipo 1. Pelas leis da economia, sem um ponto de equilíbrio, que a dona de casa não vê há tempos, a saída para o bolso é reduzir a compra ou tentar substituir o sujeito do almoço e do jantar, tarefa nem sempre fácil. As variações dos preços do feijão mulatinho e do preto na Grande BH, por sua vez, caminham passos largos à frente da inflação.
O histórico do arroz parece bem menos pesado para o orçamento, o que não significa descanso na hora de pesquisar e fazer as compras. Os preços desse distinto carro-chefe da culinária até mostrou queda de preços, que foi de 2,15% na Grande BH em agosto, período em que o IPCA variou 0,13%. Contudo, cautela e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém como diz o ditado popular.
Agosto trouxe a surpresa da deflação para o arroz em apenas três regiões metropolitanas onde o IBGE pesquisa a evolução do custo de vida: nas de São Paulo e Goiânia, além de BH e entorno. Em 11 regiões e no Distrito Federal, os preços subiram no mês passado, alcançando 11,2% na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O percentual desbancou a inflação de 0,11% na média do Brasil.
Portanto, sobram motivos para o consumidor ficar bem atento à inflação da nobre dupla das refeições diárias, uma espécie de termômetro do que os preços no varejo nos reservam até a visita de Noel em dezembro.
Colheita e Natal
A Conab confirmou queda de 13,4% na colheita do arroz neste ano. A despeito disso, e dos menores estoques de passagem do produto, a perspectiva é positiva para os preços ao produtor nos próximos meses. Não custa lembrar que, na contramão do fraco desempenho da economia, o último trimestre do ano é sistematicamente marcado pelo aumento dos preços ao consumidor, quanto mais as festas de Natal e de Ano-novo se aproximam.
Crédito novo
O BDMG lançou linha de crédito a juro inferior a 1% ao mês destinada a micro e pequenas empresas que atuam no setor de turismo. Outra novidade é a oferta do financiamento de capital de giro. O empréstimo é limitado a R$ 480 mil, com pagamento em até 48 parcelas e seis meses de carência. Para ter acesso ao recurso, é preciso comprovar receita de até R$ 4,8 milhões por ano, operação há pelo menos seis meses e inscrição no Cadastur.
Café do melhor
24,5 milhões de sacas
É o volume estimado da safra de café de Minas Gerais em 2019, do total de 49 milhões de sacas esperadas no Brasil