Carga de ferro-gusa (matéria-prima para a produção de aço) e escória de fundição de Minas Gerais está sendo preparada no Porto do Açu, em São João da Barra, ao Norte do Rio de Janeiro, com previsão de embarque em dezembro à Ásia. São dois contratos de 55 mil toneladas ao todo, um deles inédito para o Terminal Multicargas do complexo privado, que operou pela primeira vez em outubro a exportação do gusa mineiro destinado à China. A produção industrial do estado entrou no radar da empresa responsável pela operação da gigantesca infraestrutura do Açu, a Prumo Logística, com investimentos em curso para disputar também as vendas de Minas de grãos e mercadoria armazenada em contêineres ao exterior.
A estratégia da operadora do Porto do Açu foi apresentada em Belo Horizonte nesta semana pelas equipes sob o comando da diretora comercial, a belga Tessa Major, em encontro com atuais e potenciais clientes. À coluna, a executiva afirmou que o Terminal Multicargas está sendo desenvolvido para servir de alternativa com melhor custo/benefício ao escoamento do promissor agronegócio mineiro, a exemplo do café, de insumos usados na indústria do cimento (gipsita, coque e escória), minerais como bauxita e manganês; e fertilizantes, além de gusa e produtos siderúrgicos.
Projeto inicialmente conduzido pela então empresa de logística de Eike Batista, a LLX, o porto foi assumido pela Prumo depois da derrocada das empresas X, tendo começado a operar em 2014. A nova gestora tem como controlador o fundo americano EIG Global Energy Partners, com atuação nos setores de energia e infraestrutura. Por meio de joint- ventures integradas por conglomerados do porte da Simens, BP e Anglo American, e o Porto da Antuérpia, opera também nos segmentos de logística de mineração, administração portuária, óleo e gás.
“Estamos desenvolvendo infraestrutura para receber contêineres e grãos num complexo que já oferece alta eficiência operacional para aproximar os maiores centros produtores das demandas que são crescentes no mundo, a exemplo da China e outras nações da Ásia. Contamos também com parceiros internacionais estratégicos”, afirma Tessa Major, que trouxe para a gestora do Açu sua experiência no gerenciamento de projetos no Porto de Antuérpia Internacional.
Em maio, foi acertado acordo com o porto chinês de Guangzhou, o quinto maior do mundo, para compartilhar práticas de gestão portuária no Açu, cooperação em investimentos e desenvolvimento de negócios. O interesse em disputar as cargas de Minas, sem os gargalos que a indústria reclama nos portos, se justifica, uma vez que do total de 1,3 milhão de toneladas já movimentadas pelo Terminal Multicargas – já faz movimentação de coque, bauxita, gipsita e gusa –, 77% tiveram Minas Gerais como origem.
No ano passado, 392 mil toneladas mineiras passaram pelo terminal, sendo 20% a mais que no ano anterior. O porto tem área de 130 quilômetros quadrados, onde operam 14 empresas. Segundo a Prumo, seriam necessários 18 mil estádios do tamanho do Mineirão para preencher toda a extensão do complexo. “Desde o início das operações, não houve casos em que o tempo de espera no porto passou de um dia. Como terminal privado e com diferenciais da infraestrutura, temos como reduzir a burocracia nas operações, otimizar custos dos clientes e evitar que eles fiquem em fila para atracação”, afirma Tessa Major.
Da área total, 90 quilômetros quadrados estão destinados à instalação de indústrias e a área molhada é de 18,5 milhões de metros quadrados, com 48% de ocupação, e 17 quilômetros de cais. O complexo abriga, hoje, 10 terminais de uso privado, entre eles de minério e petróleo, além de cargas industrializadas. Tessa anunciou em BH plano de investimentos de R$ 16,5 bilhões deste ano a 2023 no Porto do Açu, incluindo todos os parceiros e empresas instalados no complexo, cifra que contempla desenvolvimento de infraestrutura do Terminal Multicargas, expansão de termelétricas, oleodutos e conexão com malha de gás.
Aportes
R$ 13 bilhões - Foi o valor total dos recursos aplicados no Porto do Açu de 2008 a 2018
Endividados
Pesquisa da fintech Lendico indica que metade dos pedidos de empréstimo on-line realizados em Minas no mês passado foi destinada ao pagamento de dívidas. Segundo a empresa, que é uma das maiores do setor, o resultado do levantamento inclui a liquidação de cheque especial, portabilidade de dívidas e quitação de faturas de cartão de crédito. O percentual verificado em outubro foi o mais alto do ano, representando acréscimo de 42% frente a janeiro, quando ficou em 35%.
É de Minas!
Depois da valorização do queijo e do café de Minas Gerais, os produtores de hortaliças de São Gotardo, no Alto Paranaíba, terão o reconhecimento com marca própria. Selo de origem e qualidade garantida passará a acompanhar alho, batata, cenoura e abacate produzidos na região. A marca será lançada pelo Sebrae na próxima terça-feira, como instrumento que vai mostrar ao consumidor a origem desses itens, o processo produtivo e a história das lavouras da cidade e entorno.