No ano passado, não foi diferente. A agropecuária cresceu 10,6% em Minas no quarto trimestre de 2019, enquanto houve queda do resultado da indústria extrativa mineral, de transformação e da construção civil. Há de se destacar ainda a diversidade da produção e a importância da produção agrícola para as exportações de Minas. O estado depende de grandes embarques de café, soja, milho e carnes.
Na quarta-feira, representantes da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e especialistas da UFMG e da PUC debateram a situação do avanço da doença e as consequências da pandemia para o estado. A conclusão é que tudo o que é dito hoje pode ser revisado amanhã.
Não faz qualquer sentido, da mesma forma, arriscar palpites e isso de nada ajudaria a população. Avaliações sobre como se comporta a atividade econômica têm, agora, de ser feitas diariamente, em razão do avanço dos números da pandemia e a própria mudança de comportamento do consumidor, como destaca João Ricardo Albanez, superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa.
O que se viu até ontem foi o processo normal de produção de alimentos no estado. “O fluxo do sistema de produção agrícola está em curso e os planos de contingência foram adotados pelos produtores e empresas seguindo as orientações sobre higienização e proximidade dos trabalhadores para conter a propagação. Os efeitos sobre o setor vão depender do tempo de duração da emergência”, afirma.
Informações da Ceasa Minas sobre a comercialização na segunda e quarta-feira, principais dias de venda no entreposto, além das sextas-feiras, indicaram abastecimento normal de alimentos. O IBGE e a Conab mantêm as estimativas de safra recorde de grãos. Em Minas, são esperados 14,6 milhões de toneladas de grãos, colheita positiva do café e bom desempenho também da pecuária.
Para Aline Veloso, coordenadora da Assessoria Técnica da Faemg, o momento é de cautela, em meio a muitas incertezas. “Esperávamos que 2020 fosse um ano melhor. A situação é muito difícil de ser avaliada; afinal, estamos num estado de calamidade. É preciso ser cauteloso, cuidar das pessoas”, afirma.
Economistas e analistas de bancos e corretoras têm destacado a queda dos preços das chamadas commodities agrícolas, mas os efeitos devem ir muito além das cotações. Se hoje não existe quebra da produção, a greve dos caminhoneiros de 2018 mostrou o estrago que a descontinuidade do transporte de mercadorias pode fazer.
Aline Veloso, da Faemg, lembra que uma das preocupações, agora, surge diante da situação dos produtores credenciados na condição de fornecedores dos programas públicos, como o de alimentação nas escolas, em que as aulas foram suspensas para evitar a propagação do coronavírus. Será necessário repensar o cronograma de entrega e comercialização. Outro fator que parece um benefício – a alta do dólar, impulso às exportações – perderá sentido perante fronteiras que estão se fechando no mundo.
CINTURÃO VERDE
2,7% Foi quanto aumentou a oferta de hortigranjeiros no atacado de Contagem da Ceasa Minas de 1º a 18 deste mês. O preço médio subiu 3% ante fevereiro
Assistência técnica
Os produtores rurais continuarão a ter acesso ao serviço público de assistência técnica e extensão rural, informou ontem a Emater-MG, que adotou medidas contra a disseminação do novo coronavírus. Capacitação técnica, treinamento e eventos realizados pela empresa estão suspensos. Atendimentos presenciais nos escritórios terão de ser agendados.
‘Oportunidade’
A pandemia turbinou a demanda da empresa Meu Locker, especializada em entrega de mercadorias, sediada em São Paulo, que investiu R$ 2,5 milhões para oferecer em
Belo Horizonte e entorno um sistema de entrega on-line.
O cliente escolhe o local para receber a encomenda entre 135 possibilidades, retirando a compra no dia e horário desejados.