O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), retrato dos gastos da população da capital com renda entre um e cinco salários mínimos, atingiu 10,5% nos últimos 12 meses terminados na segunda semana de setembro, segundo a Fundação Ipead, vinculada à UFMG.
Para quem duvidava do fôlego do IPCR, há seis anos BH não via taxa tão alta e superior, no mesmo período, às variações impostas pela recessão de 2015 (9,45%) e 2016 (9,77%).
A despeito da perda do poder de compra dos salários e do desemprego alto, o apelo da data e o cansaço do consumidor com a crise sanitária tendem a acentuar novas pressões sobre o bolso.
O índice que mede as despesas dos mais pobres superou o IPCA, também apurado pela Fundação Ipead para as famílias com rendimento entre 1 e 40 salários mínimos, que subiu 9,47% em um ano até a segunda semana de setembro.
O arroz surpreendeu com deflação de 12% em 2021, mas incapaz de compensar a alta acumulada em 12 meses, ainda de 11%. São reajustes difíceis de justificar e driblar, tendo em vista que o grupo de despesas com alimentos representa 22% da inflação das famílias de menor poder aquisitivo.
Com dupla influência, no tanque do carro e no escoamento da produção de alimentos, a gasolina, entre 232 itens que compõem o IPCR da Fundação Ipead, responde por 4% do índice.
“Em tempos normais, o fim de ano pressiona a inflação. Agora, os reencontros já serão um estopim para os preços, assim como as viagens. Afinal, há fronteiras sendo abertas em vários países”, afirma.
Do ponto de vista dos efeitos da pandemia de COVID-19, o especialista enfatiza que o coronavírus ditou as condições da produção em 2020, estabelecendo um clima de incertezas refletido na oferta e nos preços das mercadorias. Esse ajuste ainda terá de ocorrer.
Exprimente encontrar um pacote de 5 quilos de arroz por menos de R$ 20. De outro lado, as altas se espalham de novo, sacrificando os mais pobres.
Se o governo entende que essa população não deva ser atendida com ações que reduzam o impacto da inflação, e condições dignas de renda e emprego, pelo menos deveria tratá-la como parcela essencial de um mercado de consumo forte que todo país desenvolvido tem.