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Mina$ em foco

Plantio da safra 2022 começa sem a perspectiva de redução de preços

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Recomeça o tempo de semear, num cenário hostil de crise hídrica para os produtores e de inflação sem sossego no varejo. Em comum nas duas pontas, não há horizonte de queda de preços, sobretudo num período tradicional de remarcações estimuladas por grande apelo às comemorações de Natal e ano-novo.



O jejum imposto pelo coronavírus deve favorecer, agora, o consumo. Lavouras de grãos como milho, soja e sorgo da temporada 2021/2022 serão iniciadas na semana que vem em Minas Gerais. Em áreas irrigadas do Triângulo, o trabalho costuma ser antecipado e as previsões não indicam preços favoráveis ao consumidor, pelo menos no início do próximo ano.
 
Máquinas revolvendo a terra representam, em geral, a imagem da esperança em recompensa à frente e prosperidade. Contudo, em Minas, como no Brasil, tanto preocupam os aumentos dos custos de produção quanto os reajustes persistentes nos caixas do comércio. Contrariando as leis da economia, o bom desempenho da agricultura e da pecuária, a despeito do impacto da crise sanitária sobre a economia, não tem resultado em preços razoáveis do ponto de vista do consumidor.
 
A pressão sobre as despesas nas fazendas agrava o ambiente de formação dos preços que vão alcançar as prateleiras nos supermercados. Nos últimos dias, cresceu a preocupação nas fazendas leiteiras de Minas, segmento importante da pecuária estadual. O chamado Custo Operacional Efetivo da bovinocultura de leite subiu 11,5% de janeiro a junho último, de acordo com levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e do Cepea/Esalq/USP.




 
A Federação das Cooperativas Agropecuárias de Leite de Minas atribui a elevação dos custos à` alta das cotações de soja e milho repassadas à ração, além de aumento das despesas com mão de obra, manutenção de máquinas e equipamentos. Nas contas da instituição, a soja encareceu 35% no período de um ano e o milho sofreu alta de quase 86%. Foi preciso também reforçar a suplementação mineral dos animais, uma vez que as geadas prejudicaram a qualidade das pastagens.
 
O leite, até o mês passado, foi um dos poucos produtos da cesta básica vendida em Belo Horizonte que fugiram à quase regra de remarcações de preços bem superiores à inflação. No período de um ano terminado em setembro, o produto sofreu reajuste de 7%, na pesquisa da Fundação Ipead, vinculada à UFMG. Nessa mesma base de comparação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 9,34%.
 
Outros três produtos escaparam do ranking de vilões dos alimentos essenciais na mesa em BH – os preços de manteiga, pão de sal e arroz também evoluíram em níveis inferiores ao da inflação em 12 meses – mas não foram capazes de impedir que a despesa total com a cesta básica batesse recorde de R$ 588,42. O gasto cresceu em impressionantes 19,90% em um ano até setembro.




 
Falta previsibilidade suficiente para qualquer aposta no panorama da oferta e dos preços da próxima safra. Assim como os grãos em Minas, os novos plantios de frutas e café começam com a chegada das chuvas, à exceção das lavouras já irrigadas.
 
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) destacou em seu último boletim de conjuntura, de 30 de setembro, revisão para baixo da projeção de crescimento da economia brasleira em 2022, de 2% para 1,8%. A piora do cenário reflete, na visão dos pesquisadores, inflação elevada e presistente e seus efeitos sobre o poder de compra das famílias. Os dois fatores devem promover aperto financeiro maior que o esperado.
 
É dos grãos que surgiram diferentes expectativas para a produção mineira. Nas lavouras de soja, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apurou que as expectativas estão voltadas para as previsões climáticas que orientam as decisões dos produtores sobre a próxima safra. São esperadas chuvas abaixo do fluxo normal neste mês e em novembro. A colheita da safra passada foi concluída em agosto e a produção estadual confirmou o maior volume da série histórica de cerca de 7 milhões de toneladas.




 
Má notícia para 2022 no cultivo de milho, nova estimativa da temporada ainda deste ano feita pelo IBGE mostrou frustração. Embora a área plantada da segunda safra do grão no país tenha crescido 8,5% em comparação a 2020, a combinação de falta de chuvas com o clima frio determinou quebra de 21%. Em Minas, as perdas devem alcançar 10,1%.

Céu de brigadeiro

Dólar alto frente ao real e os bons preços dos produtos agrícolas cotados no mercado internacional vão continuar incentivando a agricultura brasileira, em boa parte voltada às exportações. São motivos para que o consumidor não aposte em queda de preços dos alimentos. Da nova previsão do IBGE para a safra de 250,9 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2021, Minas Gerais deve participar com 6,1%, e ocupar a sexta posição do ranking nacional de estados produtores, liderado por Mato Grosso e seguido do Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Imensidão

134 milhões é o número de toneladas de soja que devem ser ofertadas neste ano pelo Brasil, segundo o IBGE

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