Jornal Estado de Minas

MUNDO STARTUP

Andreza Maia, a mineira especialista em futuros inclusivos

 
 
“A educação me salvou”, é assim que Andreza Maia, mineira e co-fundadora do Futuros possíveis, define a sua jornada até aqui. Crescida na periferia da cidade de Contagem (MG) e filha de dois agricultores - Maria e o Roberto - os pais batalharam para oferecer a melhor educação possível e a jovem agarrou todas as oportunidades com as duas mãos. 





Hoje Andreza é especialista em inovação inclusiva e está entre os perfis brasileiros mais influentes do LinkedIn. Ela acredita na educação como potencial transformador de realidades e só este ano impactou mais de 80 milhões de pessoas por meio de suas redes.
 
 

O PODER DA EDUCAÇÃO

Andreza acredita na educação como ferramenta de transformação social. 

“De onde eu venho, não se tem tantas possibilidades e estudar acaba sendo um meio de mobilidade social. Estudar me proporcionou pensar, conhecer e materializar novos futuros. Saber que existem outras realidades, pensar em outras possibilidades, conhecer novas pessoas e me autoconhecer também”, disse.





Ela ressalta a importância da ancestralidade no processo de conhecimento, pois aprendeu muito com os livros e professores, mas ouviu e conviveu com seus pais e avós que também trouxeram muitos conhecimentos e moldaram uma parte essencial da Andreza de hoje.

Na opinião da especialista, as escolas devem ser projetadas e adaptadas para serem acessíveis e acolhedoras para TODOS os alunos. Para ela, normalizar as diferenças, falar e fazer  inclusão já no período escolar, faz total diferença na formação do indivíduo. 

“Uma educação mais inclusiva passa pelo entendimento de que não somos todos iguais e precisamos ter as nossas individualidades e necessidades acolhidas e respeitadas”, explica Andreza.

Além disso, um grande avanço seria a  revisão do currículo escolar, fazendo se cumprir, por exemplo, a Lei 10.639/03 que obriga o ensino da cultura afro-brasileira dentro de sala de aula. Por último, mas não menos importante, a utilização da tecnologia como aliada. A tecnologia pode desempenhar um papel importante na promoção da inclusão e na melhoria da qualidade da educação. O acesso a dispositivos tecnológicos e à internet pode proporcionar  oportunidades educacionais mais igualitárias.





SOBRE FUTUROS POSSÍVEIS

Para pensar no futuro é preciso ter esperança e ela é otimista e esperançosa. Acredita que a educação do futuro será mais inclusiva, acolhedora e efetiva. “Vivemos em uma era de avanços tecnológicos e sociais que possibilitam o acesso a informações e recursos de maneira mais ampla”. diz Andreza. 

Hoje, com o aumento do uso de plataformas online e aplicativos, é possível que os alunos estudem em seu próprio ritmo ou no conforto de suas casas. Isso é especialmente benéfico para estudantes com deficiências físicas ou dificuldades de locomoção, que agora têm acesso a uma educação de qualidade e sem barreiras físicas.

Entretanto, ela reconhece que temos desafios significativos a serem enfrentados. Como o fato de que hoje, no Brasil, mais de 36 milhões de pessoas não possuem acesso à internet. É essencial que todo e qualquer avanço seja acompanhado por políticas públicas e um compromisso real do governo, da sociedade e das instituições educacionais, para que de fato a inclusão na educação se torne uma realidade tangível e duradoura.





HABILIDADES DO FUTURO

Andreza explica que em um mundo tão conectado e pautado em avanços tecnológicos, se destaca quem domina habilidades que a inteligência artificial ainda não consegue reproduzir. Como, por exemplo, as habilidades socioemocionais. Aprendizado contínuo, consciência ambiental, comunicação efetiva, iniciativa social e empatia são algumas delas.

A especialista acredita na IA (Inteligência Artificial) como aliada e não inimiga. A tecnologia tem um papel significativo, mas os professores têm um impacto primordial no desenvolvimento acadêmico e socioemocional dos alunos.

Podemos utilizar a tecnologia como uma ferramenta para aprimorar o ensino e melhorar a experiência de aprendizado. Ela menciona o AprendiZAP, uma ferramenta digital de aprendizagem que usa inteligência artificial por meio do WhatsApp para o planejamento de aulas e complemento escolar para alunos de escolas públicas.





Minha última pergunta a ela foi “o que você diria para a Andreza do passado, em idade escolar?”. E então ela respondeu:

“Eu diria: Você é uma menina incrível, com um DNA revolucionário. Eu faria questão de ressaltar que ela está em bom caminho e que deve continuar estudando, inclusive inglês. Aprender um segundo idioma faz total diferença e contribui muito para a mobilidade social. E por último, mas não menos importante, eu diria pra ela continuar insistindo, pois a gente nunca se atrasa para o que é nosso.”