A violência doméstica não atinge apenas mulheres que vivem na periferia, ou que pertencem a classe social mais baixa.
Entre as vítimas de toda a sorte de violência, estão também mulheres que vivem em áreas nobres, com formaçao superior, e que sonharam, como todas nós, com um casamento perfeito. Com um homem, não que fosse o príncipe encantado, mas com as características de ideias, construídas no imaginário feminino: bonito, carinhoso, amoroso, inteligente, trabalhador, honesto e por aí vai.
Mas o sonho para muitas mulheres termina como um pesadelo.
O príncipe vira sapo após o décimo beijo. Décimo, aqui, uma simbologia para levar ao entendimento de que, na maioria das vezes, leva um tempo para que se perceba uma relação tóxica, por trás de pequenas frases ou de comportamentos abusivos esporádicos.
Depois de uma garrafa de bebida alcoólica, ou de uma discussão (entre tantas outras que nao chegaram às vias de fato) você dorme com o príncipe, e acorda com o inimigo!
A médica oftalmologista Paula Veloso passou por isso.
O casamento terminou após um evento, vários copos de bebida tomados pelo parceiro e uma noite de pancadaria que deixou marcas no corpo e na alma.
Nesta entrevista, da série que aborda a violêcia contra a mulher, a médica, de 33 anos, relembra o risco de vida que correu. Paula foi mantida em cárcere privado pelo então marido, que também é médico. Espancada, e presa dentro de um quarto, contou com a ajuda de parentes e amigos para ser resgatada pela polícia.
O agressor chegou a ser preso e monitorado. Hoje ele está solto, mas não pode se aproximar da ex-mulher.
Paula acredita que todos têm que se unir contra essa violência galopante, fruto de uma sociedade que criou valores adoecidos e patriarcais. Para ela o ditado popular é inverso: em briga de marido e mulher se mete sim a colher!
A médica se divide, atualmente. na realizaçao de palestras e conversas virtuais, e no exercício da profissão. O instagram Colheres de Ouro, de ajuda a mulheres vítimas de violência que ela criou em 2018, tem mais de 20 mil seguidores. Dicas, informaçoes e relatos impressionantes de sobrevivência e superação podem ser encontrados lá. Confira o relato dessa mulher forte e guerreira, que vence o trauma com trabalho, mas não se descuida em relação ao agressor.
De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, somente em 2020, foram feitas 105.821 denúncias de violência contra a mulher, pelo Disque 100 e no Ligue 180 em todo o ano de 2020. Ligue se voce estiver sendo ameaçada ou agredida