As afirmações de Carlos Roberto da Costa durante a entrevista de cerca de trinta minutos foram fortes e seguras. O homem de 66 anos, formado em jornalismo e que também é psicanalista, fala com muita tranquilidade sobre a transexualidade do filho.
Ele conta que Rodrigo nasceu menina, mas ao longo do tempo foi manifestando uma identificação com o sexo masculino. Gostava de vestir as camisas do pai e tinha um comportamento que o levou, na época do ensino fundamental, a ouvir piadinhas até mesmo no ambiente escolar. E a agressão verbal que saiu da boca de uma professora foi um dos momentos difíceis, quando ele foi chamado de “tomba homem”.
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“ O que nos preocupava era o transtorno que ele viria a enfrentar”, lembra o psicanalista. “ Por que o que nós observamos é que no Brasil, o índice de violência contra pessoas trans é enorme”, completa.
Na entrevista deste terceiro episódio da série sobre a vida da comunidade LGBTQIA , o pai de Rodrigo revela as dificuldades vividas pela família, o apoio dado ao filho trans e a preocupação com a mudança de mentalidade da sociedade, mas principalmente dos pais de pessoas trans, que são responsáveis, em muitos casos, pela marginalização deles, colocados para fora de casa quando assumem sua orientação sexual ou se identificam em outro gênero.
Segundo o psicanalista, os pais têm mais dificuldade de lidar com a situação do que as mães, por serem frutos de uma sociedade machista. E dentro de casa a regra geral é de que “se não tiver bom comportamento, não serve“.
Segundo o psicanalista, os pais têm mais dificuldade de lidar com a situação do que as mães, por serem frutos de uma sociedade machista. E dentro de casa a regra geral é de que “se não tiver bom comportamento, não serve“.
“Não fomos educados para refletir o diferente. A gente foi criada para entender que o diferente a gente tem que rejeitar”
O filho de Carlos tem 25 anos, é ator, escritor, e performer. Formado em Artes Dramáticas pela Fundação Clóvis Salgado, atualmente faz curso de Farmácia. Ele adotou o nome artístico de Rodrigo Carizu, e tem um portifólio rico, com várias participações em peças teatrais.
“A principal mensagem que quero deixar é para os pais, os héteros:
que não precisam ter vergonha de sair com seu filho que se manifesta diferente. Não é o sexo que determina nossa vida. Que tenhamos calor humano, afeto, compreensão, apoio, e dar aos filhos valores para que sejam pessoas de bem”.