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Estado de Minas COLUNA

Combatendo o bom combate

O evangelho já estava então plantado em solo gentio. Morriam na mesma Roma, no mesmo dia: Paulo decapitado, Pedro crucificado


04/07/2021 04:00 - atualizado 02/07/2021 12:13

 
 

Neste domingo, a Igreja se reveste com o vermelho que evoca o sangue dos mártires e o seu amor ardente como fogo para celebrar a solenidade de dois grandes homens que através de sua vida e pregação fundaram a Igreja de Roma e expandiram o cristianismo por todo o mundo, vindos de realidades diferentes: Pedro , pescador pobre da Galileia, e Paulo , um judeu culto de origem romana. Se não fosse por eles a fé em Jesus não teria chegado tão longe.

Foi sobre este homem humilde e honesto que Jesus construiu sua igreja, com o poder de ligar e desligar as coisas. Acostumado com o vaivém das águas dos rios e mares, o pescador se torna a rocha firme a sustentar a fundação da doutrina cristã.

E ganha um presente do próprio Cristo: as chaves do céu. São Jerônimo, no seu livro “A vida dos homens ilustres”, conta como Pedro encontrou seu fim, por ordem do imperador Nero, crucificado de cabeça para baixo. A autoridade de Pedro é incontestável.

Na Igreja primitiva, mesmo entre os padres da igreja oriental, que escreviam em grego, havia um grande reconhecimento do primado de Pedro e do conhecimento de que a autoridade foi dada a ele não só na sua diocese, ou igreja particular, mas sobre a igreja universal.

“Ele foi escolhido para ser a boca dos discípulos e o chefe do coro”, disse São João Crisóstomo. Jesus colocou em suas mãos a autoridade sobre seus irmãos e a liderança da Igreja do mundo inteiro. Ele é o pastor da Igreja como um todo.

Já na vida de Saulo, ele tinha passado um tempo fora de Jerusalém justamente na época de Jesus. E quando voltou, percebeu que a cidade tinha mudado. Por lá tinha passado um Cristo que alterara a vida do povo e das autoridades. Acreditando que era sua função combater o Jesus de Nazaré, Saulo entrava nas casas das pessoas e levava homens e mulheres para a prisão, maltratando-os e obrigando-os a blasfemar.

Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes pedindo cartas para a sinagoga de Damasco, a fim de prender, naquela cidade, todos os seguidores da nova doutrina.

Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Uma luz vinda do céu, mais brilhante que o sol, o envolveu derrubando-o do cavalo junto com os companheiros.

Foi ali, caído por terra e cego pelo brilho dos raios, que Saulo não resistiu ao poder de Cristo. Ajudado pelos amigos, levantou-se: “Senhor, que queres que eu faça?” – de perseguidor a servo, de Saulo para Paulo.

Quando chegava a uma cidade, Paulo ia à sinagoga, lugar de reunião dos judeus, depois dirigia-se aos pagãos. Cristo era o rumo da sua vida, a luz dos seus passos, a fortaleza de sua virtude. Por Ele, ia pregar e percorrer os confins do mundo. Por esse amor estava disposto a enfrentar todas as tribulações, os piores tormentos. O tom afetuoso das suas cartas reflete a fraternidade entre os primeiros fiéis.

Pequenas comunidades cristãs atuavam como centros de irradiação do evangelho. Lares iguais aos outros daqueles tempos, mas animados por um novo espírito que contagiava todos. Depois de tanta perseguição, finalmente as autoridades religiosas conseguiram enviar Paulo para Roma para ser julgado.

Enfim, Roma, mas preso e sempre acompanhado por um soldado, que o mantinha nas correntes quando saía à rua. Entre os primeiros cristãos da cidade já havia discípulos seus, convertidos em outros lugares. Recebia muitas visitas, escrevia cartas e enviava saudações até para os cristãos da casa de César, funcionários da administração imperial. Outra vez libertado.

Com a paixão arrebatadora, agora a usava para convencer, converter e encorajar. Era sempre intenso, tanto combativo diante do erro e da falta de fé (“Hipócritas!”, “Ó insensatos!”) como cheio de ternura e compassivo diante dos bons (“Filhinhos!”).

Voltou a Roma, mas lá estava Nero, conhecido pela crueldade e o ódio aos cristãos, que o acusou de “chefe de seita”. Foi lançado no Cárcere Mamertino, onde estava Pedro. Condenado à morte por ser cidadão romano, a pena era a decapitação. Conduzido por soldados, arrastou as correntes ao longo da Via Ostiense, depois Via Laurentina, até alcançar um distante e pantanoso vale fora dos muros da cidade.

O evangelho já estava então plantado em solo gentio. Morriam na mesma Roma, no mesmo dia: Paulo decapitado, Pedro crucificado.

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