De família nobre, o soldado espanhol convertido em místico pode ser o único santo com antecedentes policiais. Aos 28 anos, com um pequeno grupo, lutou contra uma força de 12 mil homens em Pamplona, Espanha, e recebeu uma bala de canhão nas pernas que destroçou uma e afetou gravemente a outra.
Foi preciso quebrar de novo a perna para consertá-la uma segunda vez. Mas ele percebeu um osso que avançava demais, abaixo do joelho e lhe causava deformidade, e foi necessário cortar o osso. Precisou ficar de cama ainda várias semanas, embora tivesse boa saúde. E acabou se enfadando.
Foi preciso quebrar de novo a perna para consertá-la uma segunda vez. Mas ele percebeu um osso que avançava demais, abaixo do joelho e lhe causava deformidade, e foi necessário cortar o osso. Precisou ficar de cama ainda várias semanas, embora tivesse boa saúde. E acabou se enfadando.
Pediu romances para se distrair. Mas não encontraram. Deram-lhe uma “Vida dos Santos”. Ele a leu, primeiro, para passar o tempo; mas pouco a pouco, tomou gosto pela leitura e a ela se dedicou inteiramente, de tal sorte, que passava assim dias inteiros. E foi no longo período de convalescência na casa da família que Íñigo López, nascido em Loyola, Espanha, mudou sua vida, o nome e o mundo.
Preso na cama, com todo o tempo livre, leu livros que contavam a história de Cristo e dos santos. Foi amansando seu ímpeto, colocando carinho no coração. Usou a decisão para decisões mais valiosas: imitar os santos. Não se cansava de admirar nos santos o amor da solidão e da cruz. Dizia: “E se eu fizesse o que fez São Francisco? Ou como São Domingos? Se São Domingos o fez, então eu o farei também”.
Restabelecido, Inácio despediu-se da família e foi em peregrinação ao santuário da Virgem de Montserrat, onde assumiu o propósito de fazer penitência por seus pecados, fez confissão geral e se despojou dos trajes de cavaleiro. Consagrou-se à Virgem e viveu o período que os historiadores chamam de peregrinação. Vestia-se com um pano de saco e sapatos com sola de corda e começou a escrever meditações e normas.
Era um mosteiro de beneditinos, a um dia de Barcelona, construído sobre uma montanha coberta de rochedos e famoso pela devoção dos peregrinos, que, de todos os lugares do mundo, iam implorar socorro da Virgem. Inácio fez uma confissão geral a um religioso do mosteiro. Foi o primeiro confessor ao qual manifestou seu plano de vida. Com seu conselho, deu a mula ao mosteiro, as vestes preciosas a um pobre mendigo, vestiu o hábito dos peregrinos, e pendurou a espada e o punhal a uma pilastra, perto do altar de Nossa Senhora, diante do qual passou a noite em oração.
Certa vez, vindo de Salamanca para se aperfeiçoar em Paris nos seus estudos, Inácio comunicou a uma meia dúzia de companheiros que se consagraram a Deus, no dia da Assunção da Santíssima Virgem, em 1534, na capela subterrânea da Igreja de Montmartre; capela que tanto bem fez a Igreja de Deus para a conversão dos infiéis, dos hereges, dos pecadores e para o progresso dos justos nas vias da perfeição. Em solidão humana, começou a escrever uma série de meditações e normas que foram posteriormente retrabalhadas para formar os famosos “Exercícios Espirituais”, ainda hoje fonte riquíssima de energia para os jesuítas e católicos do mundo.
Saiu da solidão, moderou a austeridade, tomou seu exterior menos exótico e pôs-se a falar aos homens das coisas do céu. Aquelas conversas produziam frutos de salvação; muitos pecadores se convertiam. Como aquela obra de Inácio lhe granjeasse novos louvores e admiração do povo, deixou Manresa, e fez uma peregrinação a Jerusalém, como peregrino dos mais pobres, passando por Barcelona, Roma e Veneza. Seu desejo não era mais somente honrar os santos lugares, mas também trabalhar pela salvação dos cismáticos e dos infiéis. Abraçou a vida contemplativa e a ativa, todas as ciências e as boas obras. Fundou colégio por toda parte.
Viveu os últimos anos em um pequeno quarto em Roma, de onde governava a Companhia de Jesus que ele viu crescer, passando de seis jesuítas para 10 mil em 1556, quando morreu. Os jesuítas se espalharam por toda a Europa, Brasil e Índia e hoje são uma das ordens religiosas mais importantes da história. A Igreja celebrou a vida de Santo Inácio de Loyola ontem, último dia do mês.
Oh! Quem poderia dizer os frutos incontáveis de salvação que produziu aquela casual leitura da “Vida dos Santos”?