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No primeiro domingo de novembro somos convidados a olhar o céu, onde estão os santos que intercedem por nós sem parar, seja noite de Lua e estrelas ou dia de Sol brilhante. Como disse Santa Terezinha, “passarei meu céu fazendo bem na Terra”.



Olhai. Nós, igreja na Terra, rendemos homenagens aos santos que povoam os céus, o que o evangelista João viu em Apocalipse – “cento e quarenta e quatro mil assinalados, uma multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua”.

Santos do Antigo e do Novo Testamento, de todos os países, homens e mulheres, crianças, servos de Deus que foram canonizados por meio de decisões infalíveis de papas em épocas diferentes e conseguiram a salvação e agora desfrutam da visão beatífica de Deus.
 
Esse céu também pode ser o nosso coração, onde alojamos os santos da devoção. Ou o céu ainda pode ser um oratório, uma mesa no canto da sala, quem não tem um em casa? O Dia de Todos os Santos desta vez é neste domingo do Senhor, quando a Igreja lembra todos os santos, revendo uma música do tempo da vovó, mas que é bom trazê-la de volta: “Os santos/todos os santos (bis)/louvem a Deus/para sempre/Amém”.





É neste dia de alegria que temos histórias para contar uns aos outros, e donde um santo vem nos mostrar coisas vividas no céu brasileiro. Totalmente entregue a Deus desde os 13 anos, quando entrou para o seminário dos padres jesuítas, ele se dividia em pedacinhos para dar conta das multidões que o procuravam nos trajetos a pé por vilas distantes 60 quilômetros ou mais, ou nas igrejas e mosteiros onde prestava seus serviços.

Quando não podia atender, mandava orações. Seu coração era de Deus, e os pés e as mãos dos irmãos. E foi assim que ele se tornou o primeiro santo brasileiro, canonizado pelo papa Bento XVI em 11 de maio de 2007, em sua vinda ao Brasil, durante uma missa campal em São Paulo.

Alto, forte e amável, nascido em Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, frei Antônio de Sant’Anna Galvão era pura delicadeza e bondade, caridade e paz, testemunha verdadeira da doçura de Deus. Como não podia ir a todos que o procuravam ou pediam ajuda, um dia resolveu escrever uma oração em um pedaço de papel, cortou-o em três pedaços e mandou a um doente para que ele as tomasse como remédio. E não parou mais. Era o jeito de ir aonde não podia ir. Coisas de um coração santo.





Consideradas milagrosas, as pílulas surgiram em 1785 e desde então sua fama se espalhou pelo Brasil. Até hoje, no Santuário de Frei Galvão, em Guaratinguetá, voluntárias trabalham na sua confecção: produzem o canudo com papel de arroz em que está impressa a oração escrita pelo religioso, cortam as pílulas e selam os saquinhos. São confeccionadas três mil por dia. Os dois milagres que levaram à beatificação de São Frei Galvão estavam diretamente ligados à devoção e às pílulas.

Quando o frei morreu, em 1822, ele estava totalmente dedicado a Deus e se fez de novo em pedacinhos. No velório no Mosteiro da Luz, fundado por ele em São Paulo, mais de três mil pessoas estiveram presentes.

Muitos recortaram pedaços da sua batina e outros retiraram pequenas pedras do túmulo para mergulhá-las na água e dar aos doentes. Frei Galvão foi o santo que falou a nossa língua, o frei que viveu entre nossa terra e nossa gente. E foi tão amado quanto amou.

Até então, o Brasil não tinha um santo nascido aqui. Madre Paulina, canonizada em 2002, embora tenha vivido a maior parte de sua vida em Santa Catarina e São Paulo, nasceu na Itália. Da Bahia, Irmã Dulce foi canonizada posteriormente. Ela atendia gente e mais gente, e mais, e afirmava ver o Cristo no outro, procurando dar um pedaço de céu para quem não tinha nada.

Sua canonização foi a terceira mais rápida da história recente da Igreja, atrás apenas da santificação do papa João Paulo II (nove anos após sua morte) e Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa).

Neste dia, que os santos que povoam os céus do Brasil nos sirvam de inspiração e exemplo. Que as nossas orações, assim como as pílulas de Frei Galvão, alcancem todos os rincões do mundo. E a fraternidade encontre guarida nas nossas atitudes para, assim, saudarmos Todos os Santos.