2020 nos ensinou muita coisa. De um lado, mostrou que planejamento financeiro é muito importante para que, em situações de emergência, não sejamos reféns das circunstâncias. De outro, mostrou o quanto nossos planos podem ser, em muitos casos, bastante impactados por essas mesmas circunstâncias.
Diante disso, temos duas possibilidades de aprendizado: decidir que planejamentos não funcionam e viver “como se não houvesse amanhã”; ou nos planejar, entendendo que adaptações serão necessárias no caminho.
Na teoria, a escolha pelo segundo aprendizado parece fácil. Difícil mesmo é colocá-lo em prática.
Retrospectiva de 2020
Para o bolso de boa parte dos brasileiros, 2020 foi um ano de dificuldades financeiras. A pandemia chegou como um grande tsunami para quem perdeu o emprego, teve redução da renda, ou trabalhava no mercado informal e dependia da circulação normal de pessoas para garantir o ganha pão.
Levando em consideração que desemprego e redução de renda são as principais causas de endividamento no Brasil, esse cenário indica que, para muitas famílias, o ano que passou foi de bastante turbulência financeira.
Para quem não teve redução na renda mensal, 2020 pode ter sido um ano de mais prosperidade nas finanças, já que, com o isolamento social, possivelmente deixou de ter vários gastos que faziam parte do dia a dia pré-pandemia: transporte, passeios, presentes, entre outros.
Nesse caso, é bom olhar pra trás e pensar: para onde foi o dinheiro economizado em 2020?
E, como fim de ano é uma época de muitas reflexões, aí vai uma parte da fala do Steve Jobs para ajudar na missão de fazer a Retrospectiva de 2020: “Você não consegue ligar os pontos olhando pra frente, você só consegue ligá-los olhando pra trás.”
Portanto, antes de começar a pensar nos planos para 2020, é necessário olhar para trás, para o que já aconteceu, e, assim, entender o que te fez chegar na situação em que você está nesse momento. Caso contrário, você corre o risco de não conhecer a sua realidade financeira o suficiente para fazer planos que, verdadeiramente, possam ser realizados.
Que tal começar a fazer sua retrospectiva hoje mesmo? Esse é um exercício que pode trazer muita tranquilidade financeira — e mental.
Papel e caneta na mão: basta separar alguns minutos do seu dia!
Não deixe de planejar…
Ah, as famosas “resoluções de ano novo”!
Quem nunca fez promessas e mais promessas de mudança para o ano seguinte e, quando os fogos de artifício começaram a aparecer no céu, percebeu que nem lembrava quais eram esses planos?
Aqui está um dos aprendizados que queremos compartilhar com você: um desejo sem prazo e sem um plano de ação não passa de... Um desejo. Para que ele se torne realidade é necessário ir mais fundo no planejamento.
Se você fizer o exercício da retrospectiva, provavelmente terá muito mais clareza sobre as suas finanças atualmente. Com isso em mãos, fica muito mais fácil criar planos e metas que estejam alinhados com a realidade e não sejam apenas um sonho.
Veja alguns exemplos de desejos que podem virar metas financeiras para você se inspirar:
1. fazer uma reforma em casa;
2. quitar uma dívida;
3. fazer uma viagem;
4. comprar um carro;
5. mudar de casa/apartamento;
6. ter uma reserva para emergências;
7. fazer um intercâmbio;
8. aprender um novo idioma;
9. investir para a aposentadoria;
10. fazer uma festa para comemorar algo…
E por aí vai! Todo plano começa com um grande desejo, e entender o que faz seu coração bater mais forte — ou ficar mais tranquilo — é importantíssimo para dar esse primeiro passo.
Para quem divide as finanças com a família, uma dica útil é: tente pensar em desejos conjuntos, mas não deixe de lado os seus desejos pessoais. É muito comum que, pela vontade de agradar aos outros, acabemos não priorizando nossos próprios sonhos. Na medida certa, o dinheiro deverá ser capaz de proporcionar realizações para todos que usufruem dele!
Entendidos quais são os desejos, chega a hora de planejar para torná-los realidade. Para isso, você precisa pensar em algumas questões:
Quanto esse sonho custa?
É incrível sonhar e esse é um passo fundamental. Mas não podemos nos esquecer que, em grande parte dos casos, eles demandam recursos financeiros para serem realizados. Por isso, é hora de colocar o pé no chão e ter clareza do quanto ele custa.
Com o que você tem de renda hoje, é possível poupar para alcançar essa vontade?
Na prática, isso significa identificar se você possui — ou poderia se organizar para possuir — uma sobra no orçamento que, se guardada, pode te ajudar a juntar o valor que aquele sonho custa.
Se você chegar à conclusão de que não há sobras no seu orçamento hoje, você tem, basicamente, duas opções: reduzir os gastos ou procurar formas de aumentar sua renda.
O fato de essas opções serem simples de entender, não as torna simples de colocar em prática. Mas saber que elas existem ajuda a ter clareza do caminho!
Em quanto tempo consigo realizar esse desejo?
Agora, sabendo quanto o sonho custa e o quanto você conseguirá poupar, é possível pensar em quanto tempo precisará para, finalmente, alcançá-lo!
Essa é a parte mais realista do processo, pois ajuda a alinhar nossas expectativas: nesta etapa conseguimos ver, com nitidez, em quanto tempo a nossa realidade financeira permite que aquele desejo, seja grande ou pequeno, pode ser realizado.
Isso reduz muito a ansiedade de tentar atingir o sonho antes da hora e, com isso, comprometer as finanças do dia a dia; e, além disso, também diminui a frustração por não conseguir caminhar em direção à satisfação daquele desejo.
… Mas também não se esqueça de adaptar
Os passos anteriores te levarão a um outro patamar de organização financeira. Pode acreditar! Essa clareza em relação aos próprios desejos e também em relação à realidade das próprias finanças ajuda — e muito! — a ter o controle do que acontece com o dinheiro que entra na conta.
Você só não pode esquecer de revisar esses planos de tempos em tempos, já que muita coisa pode mudar: por algum acontecimento você pode passar a receber mais ou menos renda por mês, ter novos sonhos, escolher outras prioridades, etc. Faz sentido seu planejamento permanecer o mesmo, ainda que essas variáveis tenham mudado? Provavelmente não.
Por isso, tenha o hábito de revisitar seu plano ao menos uma vez por mês ou a cada dois meses. Assim, você garante que ele estará alinhado com aquilo que realmente deseja!
Tem muito mais conteúdo sobre isso no Pago Quando Puder!